Denúncia ao TCU

Humberto Costa quer devolução de R$ 1,2 mi gastos no ‘ato da morte’

Senador anuncia que irá denunciar o TCU para calcular – e cobrar de Bolsonaro – o total de dinheiro público gasto na promoção de passeio de moto sábado, em São Paulo. Além de considerar um ato eleitoral, Humberto aponta as infrações cometidas pelo presidente e o flagrante desrespeito às quase 500 mil vítimas da pandemia no país
Humberto Costa quer devolução de R$ 1,2 mi gastos no ‘ato da morte’

Foto: Alessandro Dantas

O “ato da morte”, como vem sendo chamada a ‘motociata’ de Bolsonaro realizada em São Paulo em meio a quase 500 mil mortes por Covid-19 no país, será objeto de denúncia do senador Humberto Costa (PT-PE) junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Para ele, o presidente deve ressarcir os cofres públicos pelos gastos com o passeio de moto, estimados em R$ 1,2 milhão.

“Aviões, helicópteros, batedores, combustível, enquanto a população lamenta sua indigência econômica ou a perda de seus entes queridos. Vamos acionar o TCU para identificar o montante gasto e cobrar do presidente o seu ressarcimento”, anunciou Humberto.

Além do aparato de segurança, houve também a distribuição de marmitas ao final do evento para os participantes, “que normalmente gritam ‘eu vim de graça’”, ironiza o senador, que questiona o financiamento dessa alimentação.

O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), traçou um paralelo entre o ato da morte e o aumento do preço do gás de cozinha, anunciado nesta segunda (14). “A farra de Bolsonaro com os bilionários onde quem paga o pato é o Brasil: o gás de cozinha está mais caro. Cada dia é mais difícil manter uma família no país. Enquanto o presidente passeia de moto, o povo sofre para colocar comida na mesa”, comparou.

O senador Humberto Costa advertiu também para o péssimo exemplo dado ao país por seu principal mandatário e para o caráter eleitoral da atividade. “Aquele que deveria ser um exemplo para seus concidadãos, acha-se acima deles, escarnece das pessoas e desrespeita qualquer norma. Tudo isso com o dinheiro público que financiou a megaestrutura de seu ato eleitoral”, afirmou.

O presidente cometeu uma série de infrações na mesma ação: não usou máscara, pilotou com a viseira do capacete levantada e com a placa da moto encoberta. “Ele se acha acima das leis e sente prazer em transgredi-las”, resume Humberto. Ele ressalta ainda que a adulteração de placas viola o Código Penal, que prevê pena de 3 a 6 anos de reclusão e multa.

Recorde de fakenews
O senador também rebateu a fakenews criada logo após o passeio da morte sobre a quantidade de motos que teriam participado. Apoiadores do governo divulgaram que o livro dos recordes havia divulgado o fantasioso número de 1,3 milhão de motos, o que seria um recorde mundial. Logo depois, no entanto, agências de checagem de notícias como AFP, Folha/UOL e Estadão mostraram que não havia qualquer registro do evento no Guiness Book e que a estimativa supera até mesmo a quantidade de motos licenciadas na cidade de São Paulo, que é de 1,2 milhão. De acordo com a Secretaria de Segurança de São Paulo, havia cerca de 12 mil motos no ato.

“Bolsonaro entrou para o Guiness Book ao promover a maior disseminação do coronavirus já realizada por um chefe de Estado nessa pandemia”, respondeu o senador.

To top