Observador da eleição presidencial argentina, realizada no último domingo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou, nesta terça-feira (29), que o processo no país vizinho transcorreu sem problemas, contou com grande participação popular e seu resultado é uma demonstração cabal de que as políticas neoliberais estão sendo rejeitadas na América Latina.
Segundo Humberto, que discursou no plenário do Senado na tarde dessa terça-feira (29), a nota negativa vem, infelizmente, do Brasil, único país em que o presidente declarou publicamente que não irá cumprimentar Alberto Fernández pela vitória democraticamente conquistada no voto. Para o senador, Bolsonaro impõe, novamente, seu modo grosseiro de ser e, assim, pode prejudicar a ótima relação histórica e importante das duas nações.
“Diferentemente do resto do mundo, inclusive dos EUA – cujo secretário de Estado parabenizou o presidente eleito da Argentina -, infelizmente o nosso governo, por meio do presidente Bolsonaro e da figura folclórica do ministro das Relações Exteriores, em vez de parabenizar o eleito, se pôs de forma grosseira, com críticas à decisão soberana do povo argentino”, disparou.
O parlamentar avalia que a eleição argentina marcou os dois modelos que se enfrentam hoje no continente e no mundo: de um lado, o neoliberalismo de Macri, que durante um mandato implementou a receita literal do liberalismo, gerando desemprego e desigualdade social; e do outro a proposta encabeçada pela Frente de Todos, com desenvolvimento inclusivo.
“O povo reprovou o modelo que aumentou o fosso social. O desemprego, antes de Macri, era de 5,8%. Hoje, é de 10,6%, o dobro. A dívida externa, que era de 41% do PIB, agora é de 91%, sendo que, no próximo ano, a Argentina tem compromissos que vão além dos US$ 170 bilhões com o FMI. A pobreza aumentou, programas sociais foram retirados na Argentina, a crise econômica foi alargada e o FMI voltou a mandar por lá. Um desastre”, resumiu.
Humberto entende que o resultado eleitoral traz a vontade da população de restaurar o modelo de desenvolvimento sustentado e inclusivo, com justiça e equidade social.
“O cidadão está cansado do neoliberalismo e quer mudanças em todo o continente, no mundo. Está aí o exemplo do Líbano, do Reino Unido, do Equador e do Chile, países que estão em ebulição porque a pobreza, a desigualdade e o sofrimento atingem esses povos. E é isso que, lamentavelmente, nós poderemos viver no nosso país”, comentou.
O líder do PT no Senado voltou a criticar as reformas apoiadas pelo governo Bolsonaro, trabalhista, da Previdência e, agora, administrativa, que “irão ampliar vertiginosamente o fosso social existente no Brasil e o agravamento da insatisfação, do mal-estar e do sofrimento do nosso povo”.