O assassinato do dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, Antonio Tiningo, no município de Jataúba (PE), expõe o grau de tensão vivido no campo em decorrência dos conflitos agrários e exige uma apuração e punição exemplar. “A impunidade seria um encorajamento a novos atentados contra a vida de lideranças dos movimentos sociais”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), em discurso em Plenário, na tarde desta terça-feira (27/03).
Tiningo foi morto na última sexta-feira (23/03), numa emboscada. Ele trafegava de moto por uma estrada que liga dois assentamentos do MST e recebeu dois tiros disparados por pistoleiros ainda não identificados. “Segundo informação das polícias, tudo indica ser um crime de encomenda”, afirmou Humberto.
“Na verdade, o atentado apenas concretizou um crime anunciado”, avalia o senador, já que desde fevereiro o dirigente do MST vinha recebendo ameaças de morte por seu trabalho à frente da organização.
A mulher de Tiningo, que o acompanhava, na garupa da moto, não foi atingida pelos disparos, “mostrando como eram profissionais os autores desse crime”, acredita Humberto.
Reforma Agrária
O senador pernambucano destacou a importância da reforma agrária para o desenvolvimento econômico e social do País, “mas, acima de tudo, para a construção da paz social, que é um desejo de toda sociedade brasileira”.
Além dos grandes investimentos do Governo Federal voltados para a erradicação da pobreza na região, como a Ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco, Humberto acredita que a reforma agrária é fator essencial para a melhoria da qualidade de vida no Nordeste.
Ele lembrou a tradição de seu estado na luta pela democratização da terra, “marcada pelas ligas camponesas, pelas lutas de Francisco Julião e Gregório Bezerra”, símbolos do combate ao latifúndio, gerador da miséria no campo. Ele lembrou, porém, eu essa combatividade tem colocado Pernambuco, historicamente, no topo das estatísticas de violência nas áreas rurais.
Cyntia Campos