Uma minúscula empresa contratada pelo governo Bolsonaro para grandes serviços em ministérios foi flagrada assumindo, gratuitamente, projetos de Jair Renan Bolsonaro, o filho Zero Quatro do presidente. A clara suspeita de favorecimento levou o senador Humberto Costa (PT-PE) a pedir ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue ministros e o filho do presidente pelo cometimento de eventuais crimes.
A Astronautas Filmes, produtora digital e de comunicação corporativa, recebeu, somente este ano, cerca de R$ 1,4 milhão do governo federal para trabalhos nos Ministérios da Educação e da Saúde, os dois maiores da administração, do Turismo, na Casa Civil e também no Programa Pátria Voluntária, presidido pela primeira-dama Michelle Bolsonaro. Estranhamente, a empresa é pequena e não tem portfólio de clientes para contratos dessa dimensão.
A ligação mais próxima da Astronautas Filmes com o governo, no entanto, é com Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente, para quem a empresa fez a comunicação e produção de marketing, incluindo filmagens e fotografias, da festa de inauguração de sua empresa particular na área de jogos eletrônicos, cujas tarifas de importação Bolsonaro reduziu recentemente. Todo o trabalho da Astronautas para Jair Renan foi feito de forma supostamente gratuita.
“É curioso ver que uma empresa pequena consegue contratos gigantescos com o governo e, em seguida, resolve trabalhar de graça justamente para o filho do presidente da República. Essa ação de caridade precisa ser investigada porque deve ter tido muitos custos que a Astronautas, especialmente num período de tanta crise, resolveu assumir sozinha. Por que essa benevolência? E entre tantos possíveis beneficiários, por que um dos filhos de Bolsonaro?”, questiona Humberto.
Nos pedidos de investigação enviados, o senador solicita que as autoridades competentes, à luz da transparência pública, avaliem se há vínculo entre os contratos assumidos pela Astronautas e o “presente” dado a Jair Renan Bolsonaro, e se os envolvidos cometeram crimes de peculato, abuso de poder e improbidade administrativa.