Delegados que participaram das operações Vegas e Monte Carlo. Um advogado chamado Rui Cruvinel. O contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira. E, por último, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM– GO). Essa é a ordem dos depoimentos ao Conselho de Ética que embasarão o relatório final do senador Humberto Costa (PT-PE) no processo que apura se o ex-líder dos Democratas feriu o decoro parlamentar ao se relacionar com o contraventor, atualmente preso em Brasília.
A agenda foi definida nesta quinta-feira (10/05), durante uma sessão que também votou e aprovou uma série de requerimentos de Humberto pedindo acesso a dados, informações, declarações de imposto de renda, reproduções de diálogos entre o senador acusado e o bicheiro e detalhes sobre a utilização e o pagamento de contas como o do celular Nextel utilizado para conversas entre os dois principais personagens do maior escândalo político do momento e, ainda, de viagens realizadas em helicópteros e jatinhos. O relator quer saber quem pagou por elas.
“Acho que todos esses dados podem dar mais substância ao relatório final que eu pretendo apresentar. Acredito também que algumas informações, entre elas viagens aéreas que foram realizadas e quem as pagou; tudo isso pode servir para analisar mais detidamente a relação com do senador com o contraventor”, explicou Humberto.
Sobre os acessos a dados como discursos e posicionamentos em votações, o relator justificou: “Todos aqui sabem que o senador Demóstenes defendeu em discurso que sua relação com o senhor Cachoeira era uma relação meramente de amizade. E essas informações que eu solicito podem caracterizar que essa relação não se restringe a uma relação de amizade, conforme os indícios apontam”, prosseguiu.
Para evitar problemas ou processos por quebra de sigilo profissional de delegados e procuradores que também já foram convocados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as relações criminosas de Cachoeira, os depoimentos dos delegados Raul Alexandre Marques de Sousa e Matheus Mella Rodrigues e dos procuradores Daniel Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira serão secretos.
Em seguida, a pedido da defesa de Demóstenes será ouvido o advogado goiano Rui Cruvinel. Nenhum dos membros do Conselho soube informar qual o envolvimento de Cruvinel no caso ou sua importância para a defesa do senador. Também a pedido da defesa, Carlos Cachoeira será ouvido em seguida.
Demóstenes encerra a fase de oitivas porque, segundo Humberto Costa, “já há uma jurisprudência na Câmara a respeito de um processo disciplinar em que as testemunhas de acusação foram ouvidas depois das testemunhas de defesa e isso ensejou a anulação do processo e seu reinício. Então, nós vamos esperar que as testemunhas de defesa e o próprio senador sejam ouvidos já tendo conhecimento de tudo aquilo que os procuradores e delegados vão apresentar”.
Sobre uma possível convocação do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, que teria contribuído para o adiamento de um processo contra o Senador, o relator no Conselho de Ética disse acreditar que não há elementos ainda que possam justificar sua convocação. O que, não significa, em sua avaliação, que ele não possa ser ouvido depois.
Humberto acredita que a decisão final do plenário sobre o futuro político de Demóstenes deve ser tomada antes do início do recesso parlamentar de julho. “O Senado deve isso à sociedade”, afirmou.
Veja a agenda de depoimentos:
Dia 15/05 (terça-feira) – 9 horas – Rui Alexandre Marques de Sousa (delegado da Polícia Federal responsável pela investigação da operação Vegas) e
Matheus Mella Rodrigues, (da operação Monte Carlo).
Dia 16/05 (quarta-feira) -14 horas – Procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsáveis pela investigação da operação Monte Carlo.
Dia 22/05 (terça-feira) – 9 horas – Rui Cruvinel
Dia 23/05 (quarta-feira) -14 horas – Carlos Augusto Ramos
Dia 28/05 (segunda-feira) – 18 horas – Senador Demóstenes Torres
Giselle Chassot
Ouça a entrevista do senador Humberto Costa
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