O gasto de R$ 125 milhões pelo Ministério da Saúde na compra de Tamiflu, medicamento de combate à gripe, mas sem eficácia para a Covid-19, levou o senador Humberto Costa (PT-PE) a pedir ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) e ao Ministério Público Federal (MPF) a abertura de inquérito para apurar irregularidades.
Além de ter adquirido um medicamento que não é indicado contra o coronavírus, a pasta comprou o Tamiflu por um valor 33% maior do que em contrato anterior. Ao todo, o ministério adquiriu 28 milhões de cápsulas e pagou R$ 5,33 por cada dose. Antes da pandemia, o medicamento havia sido adquirido por R$ 4.
Para Humberto, que é ex-ministro da Saude, o governo tem agido de maneira irresponsável e negligente ao comprar e incentivar o uso de medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19.
“O governo está reiteradamente cometendo crimes contra a saúde pública indicando medicamentos que não funcionam e que podem, inclusive, ter efeitos colaterais graves. Isso sem falar no prejuízo que esse tipo de aquisição gera ao erário”, disse o senador.
De acordo com o senador, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, não há remédio para entubar os pacientes que estão agora nos hospitais, mas sobra dinheiro para adquirir medicamento que não funciona.
Além do Tamiflu, também fazem parte do chamado “tratamento precoce”, receitado por Bolsonaro e sua turma, a cloroquina, a hidroxicloroquina, a Ivermectina e a azitromicina, todos sem eficácia para Covid-19.
Além de pedir apuração dos possíveis atos de improbidade, o senador também solicitou a devolução dos recursos à União. “Os responsáveis por tamanha irresponsabilidade precisam ser punidos. A mando de quem o Ministério da Saúde gastou milhões para comprar e indicar um remédio que não funciona? A quem interessa buscar soluções mágicas para um problema que não pode mais se esconder? Todos os dias, em média, morrem 3 mil brasileiros vítimas da pandemia do coronavírus. O Brasil é responsável hoje por 30% das mortes pela doença em todo o mundo, apesar de ter apenas 2,7% da população mundial. Os responsáveis por esse massacre precisam ser parados e responsabilizados”, afirmou.