
O senador referiu-se especificamente à reportagem que sustenta a manchete principal do jornal – “Ação na CPI da Petrobras foi combinada com assessores do Planalto” – que, segundo ele, mantém o mesmo equívoco lançado pela revista de prejulgar os trabalhos da CPI da Petrobras e tentar levar a falsa crise para o Palácio do Planalto.
A matéria do jornal, acusou Humberto, insiste em transmitir comportamento irregular dos integrantes da CPI, “por sustentar que o relacionamento entre assessores das bancadas dos partidos com assessores do governo representaria um crime, uma fraude, como alguns tentaram mostrar”.
O alvo do factóide gerado pela Folha, cuja origem foi outro factóide – o da revista Veja – , para o senador tem outro objetivo: “tenta-se passar essa ideia com o objetivo de atingir a presidenta Dilma e, com isso, tentar fragilizá-la na disputa das eleições de outubro, porque o objetivo ao instalar a CPI e propagar pseudodenúncias, bobagens que são colocadas como fatos gravíssimos são objetivos obviamente eleitorais”, afirmou.
Para ele, a intenção de impingir aos leitores a visão de que a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) acompanhou o desenvolvimento dos trabalhos da CPI, como se, com isso, tentasse controlar o trabalho dos parlamentares, disse ainda Humberto “é uma concepção absurda, equivocada, eu diria até ridícula”.
O líder do PT lembrou a naturalidade com que a mesma Folha de S.Paulo noticiou, dia 5 de maio passado, na coluna Painel, que dois secretários de Estado do governo do PSDB em São Paulo, Marcio Aith (subsecretário de Comunicação, ex-redator da revista Veja) e Roberto Pfeiffer (representante da Corregedoria do Estado) vieram de São Paulo para Brasília para “preparar” parlamentares tucanos. “Nada mais comum, nada mais normal”, acrescentou o senador. “Anormal seria se o governo de São Paulo e o PSDB não tivessem buscado preparar os parlamentares”.
Esse episódio recente, que não mereceu manchete de primeira página no jornal, nem questionamento sobre quem pagou a passagem e a estadia dos funcionários paulistas, não foi o único, insistiu Humberto.
“Tenho aqui matérias deste mesmo jornal, do período do governo de Fernando Henrique Cardoso”, disse o senador, lendo os recortes das reportagens da época. “Fernando Henrique age pessoalmente para barrar CPI que Jader assinou”, reproduziu Humberto. “Isso aqui é de 2001, uma CPI que iria tratar de avaliar a corrupção no Congresso Nacional, e na qual o presidente da República se envolveu pessoalmente para impedir que a CPI fosse instalada”. O mesmo ex-presidente da República, continuou lendo, reuniu-se no Palácio do Planalto para evitar que a concretização da CPI.
“Vou ler mais ainda”, continuou: “Fernando Henrique manda liberar emendas para barrar a CPI. Querem interferência maior do que isso?”. Na sequência, puxou outra reportagem do período em que o PSDB ocupou a Presidência praticando atos ainda mais graves do que a participação de assessores do Planalto e do governo numa CPI. “Vejam essa outra: Stephanes (Reinhold Stephanes, ministro no governo de FHC) negocia acordo com relator’. Um acordo negociado entre um presidente, um ministro da Previdência e um relator de uma comissão parlamentar de inquérito”, enfatizou o senador.
“Portanto, eu gostaria, mais uma vez, de deixar absolutamente clara a nossa posição de que se está tentando transformar uma verdadeira cortina de fumaça num escândalo para tentar atingir o Governo Dilma. Nada do que aconteceu aqui na CPI do Senado pode ser objeto de questionamento do ponto de vista da sua legalidade e da sua ética. Não há crime nenhum aqui feito”, reforçou.
“Arranjem outro assunto! Descubram outra coisa para tentar transformar em escândalo, porque essa não tem a mínima consistência! Isso é uma grande bobagem e é lamentável que órgãos da imprensa nacional com credibilidade estejam, neste momento, se prestando a esse papel de calçar a política que a oposição deseja fazer no Congresso Nacional e na sociedade”, concluiu.