Humberto: “Dignidade e brio são como bom senso; quem não tem, não sente falta”O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE) chamou de traição o áudio com o discurso vazado pelo vice-presidente Michel Temer nessa segunda-feira (11). Para Humberto, o pronunciamento, inoportuno e precoce, “escancara a forma absolutamente desleal e mesquinha com que Michel Temer vem agindo nas sombras, tramando a derrubada de Dilma, alguém que, por duas vezes, foi sua companheira de chapa”.
O líder cobrou fidelidade do antigo companheiro de chapa e disse que nem o vice e muito menos o presidente da Câmara merecem os lugares que ocupam na política brasileira, porque atuam de maneira vil para conspirar contra uma presidenta democraticamente eleita. Disse que a forma com que Temer atua nos bastidores para apear a presidenta do poder deixaria qualquer um envergonhado. Menos os conspiradores: “Mas dignidade e brio são como bom senso: quem não tem, não sente falta”, disparou.
A maquinação anti-Dilma, evidencia, na opinião do parlamentar o fato de que “temos um Conspirador-Geral da República instalado ao lado do Palácio do Planalto, operando dia e noite para empurrar a presidenta da cadeira que ela conquistou por meio do voto popular”, disse. E, sendo ele um conspirador, não tem legitimidade, porque deixa claro que é alguém em quem não se pode confiar, raciocina.
Humberto está certo de que o povo brasileiro não vai perdoar a deslealdade com que o vice-presidente está tratando Dilma Rousseff. “Chega de cartas vazadas com tintas de mesquinhez. Chega de áudios vazados com discursos em falsete. Vaze do cargo, se ele não lhe contempla mais, se Vossa Excelência não tem mais apreço em seguir onde está. Vá às ruas, converse com os brasileiros, conquiste votos e, por meio de eleição, tente entrar legitimamente no Palácio do Planalto”, sugeriu o líder.
O golpe, articulado e fomentado pelo vice e outros conspiradores, será barrado. Na análise do líder, a votação na Comissão Especial, que aprovou a continuidade do processo nessa segunda-feira (11) não foi nenhuma surpresa. “Faz parte de mais um ato de vergonha por parte da Câmara dos Deputados ver que mais da metade dos 38 parlamentares que votaram ontem para processar Dilma por um crime que ela não cometeu responde a inquéritos na Justiça, entre eles o próprio relator, Jovair Arantes”, observou.
O fato de responder a um processo não deveria significar muita coisa, até porque, processos por supostos crimes eleitorais são comuns entre políticos. O curioso, porém, é observar que uma pessoa que não responde a qualquer inquérito esteja sendo julgada por quem precisa prestar contas à Justiça, analisou Humberto. Entre eles, o relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO). “Vejam bem: Dilma – que não responde a nada nos tribunais deste país – teve um processo de impedimento autorizado por uma série de parlamentares que estão pendurados na Justiça”, observou.
Ele disse ainda que é no mínimo irônico que um parlamentar – dentista de formação – produza o que chamou de aberração jurídica e que isso seja apreciado numa sala que tem ao fundo o quadro Tiradentes ante o carrasco; “uma figura que foi injustamente imolada pela traição de terceiros, situação que, agora, querem reproduzir, de forma política, com outra mineira, a presidenta Dilma, às vésperas do mesmo 21 de abril em que o mártir da Inconfidência foi covardemente executado”.
Giselle Chassot
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