IBGE: setor de serviços ajudou Brasil a enfrentar crise econômica

O setor de serviços não financeiros foi o grande responsável pelos bons resultados da economia brasileira, que saiu da crise mundial de 2008 sem grandes traumas. Isso é o que demonstra a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2010, divulgada nesta quarta-feira (26/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O segmento, que já havia registrado crescimento real (descontada a variação da inflação) de 6,4% na receita operacional líquida em 2009, voltou a registrar alta – dessa vez de 11,0%, patamar próximo ao obtido em 2008 (11,4%), o que indica a recuperação do setor frente à crise econômica mundial que se iniciou no segundo semestre de 2008. Após o início da crise, o setor desacelerou e teve crescimento real de 6,1% em 2009. Mas em 2010, houve retomada com crescimento de 11,2%. “O ano de 2010 realmente foi de recuperação em relação ao ano anterior, a gente pode dizer que o setor de serviços ajudou a impulsionar a recuperação da economia como um todo”, enfatizou a pesquisadora do IBGE Ana Carla Magni.

Entre 2007 e 2010, a receita líquida das empresas de serviços acumulou um crescimento real de 31,6%, sendo que em quatro nichos de negócios tiveram resultados ainda mais positivos: os serviços de manutenção e reparação (63,0%); as atividades imobiliárias (59,8%); os serviços prestados principalmente às famílias (44,9%) e os serviços profissionais, administrativos e complementares (44,9%).

Nos salários, o crescimento de 2007 a 2010 chegou a 38%, com destaques também para atividades imobiliárias (50,6%) e serviços de manutenção e reparação (45,3%).

A pesquisa usou dados de 992.808 empresas de serviços não financeiros, divididas em sete segmentos e agrupadas conforme a finalidade de uso: serviços prestados principalmente às famílias; serviços de informação e comunicação; serviços profissionais, administrativos e complementares; transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio; atividades imobiliárias; serviços de manutenção e reparação; e outras atividades de serviços.

De acordo com o IBGE, os serviços que fazem parte dessa pesquisa responderam, em 2009, por 13% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que é a soma de todas as riquezas produzidas no país. Se forem levados em conta os serviços como um todo, o setor compõe 67% do PIB.

Setor de alimentação gera R$ 55,7 bilhões

Entre os serviços prestados principalmente às famílias, a atividade de alimentação destacou-se como a principal em termos de geração de receita, valor adicionado, salários, pessoal ocupado e número de empresas. As 193.309 empresas da atividade (62,2%) obtiveram R$ 55,7 bilhões de receita operacional líquida (64,5%), ocuparam 1.398 mil pessoas (61,8%) e pagaram R$ 13,1 bilhões (60,2%) em salários, retiradas e outras remunerações.

Mas foram os serviços de alojamento que tiveram a maior média de pessoal ocupado por empresa, 12, ante uma média de 7 para o segmento, além do maior salário médio, 1,6 salário mínimo. As atividades culturais, recreativas e esportivas mostraram a maior produtividade (R$ 30,1 mil), enquanto a do conjunto dos serviços prestados às famílias foi de R$ 21,1 mil.

Receita das telecomunicações chega a 131,0 bilhões

No setor de informação e comunicação, a atividade de telecomunicações, com suas 3.663 empresas, representando 4,5% do segmento, foi responsável pela maior parcela da receita operacional líquida do setor (R$ 131,0 bilhões ou 56,1%). A atividade destacou-se, ainda, com a maior média de pessoas ocupadas por empresa (44, frente a 10 no segmento), o maior salário médio (6,3 salários mínimos), acima da média dos serviços de informação e comunicação (5,8), e a maior produtividade (R$ 382,6 mil), também superior à média de R$ 148,0 mil.

Os serviços de tecnologia de informação alcançaram as maiores participações no número de empresas, (64,5%, 52.723), no pessoal ocupado (48,7%, 389.881) e na massa salarial (52,6%, R$ 16,2 bilhões).

R$ 61,2 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações em 2010

Os serviços profissionais, administrativos e complementares representaram a maior parcela do valor adicionado, da massa salarial e do pessoal ocupado em todo o setor de serviços geraram R$ 166,5 bilhões de valor adicionado (32,6%), pagaram R$ 61,2 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (35,5%) e ocupavam 4.320 mil pessoas (40,7%) em 2010.

As atividades técnico-profissionais, com metade das empresas do segmento (148.607), auferiram R$ 89,9 bilhões de receita operacional líquida (40,7%), pagaram R$ 20,1 bilhões (32,9%) em salários, retiradas e outras remunerações e empregavam 870.699 pessoas (20,2%), superadas somente pelos serviços para edifícios e atividades paisagísticas, que ocuparam 917.180 pessoas (21,2%).

Por demandarem uma mão de obra mais qualificada, os serviços técnico-profissionais apresentaram também a maior média salarial, 3,5 salários mínimos, enquanto a média geral foi de 2,1, e a maior produtividade, R$ 76,7 mil, ante o total do segmento de R$ 38,6 mil. Quanto à média de pessoal ocupado, os serviços de investigação, vigilância, segurança e transporte de valores alcançaram média de 130 pessoas ocupadas por empresa, e os serviços de seleção, agenciamento e locação de mão de obra, 127; enquanto a média do segmento foi 15.

Transporte rodoviário emprega 1,5 milhões de pessoas

Entre os serviços de transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio, o transporte rodoviário de passageiros e de cargas obteve a maior participação na receita líquida, 54,5% ou R$ 136,9 bilhões. Esta atividade, que detém o maior número de empresas do segmento (79,6% ou 117.077), foi responsável pela maior parte da massa salarial (52,3% do total, R$ 22,4 bilhões) e do pessoal ocupado (66,7% do total, 1,5 milhões).

Compra, venda e aluguel de imóveis gera maior receita

Nas atividades imobiliárias, a compra, venda e aluguel de imóveis próprios, com 16.683 empresas (59,4%), gerou R$ 13,7 bilhões de receita (68,8%). A maior parte das pessoas ocupadas esteve na atividade de intermediação, que empregava 84.149 pessoas (57,3%). A massa salarial distribuiu-se de maneira homogênea.

A compra, a venda e o aluguel de imóveis pagaram R$ 1,1 bilhão (45,0%) em salários, retiradas e outras remunerações, enquanto a intermediação despendeu R$ 1,3 bilhão (55,0%). A maior produtividade e o maior salário médio também foram encontrados na atividade de compra, venda e aluguel de imóveis (respectivamente, R$ 169,6 mil e 2,6 salários mínimos).

A intermediação na compra, venda e aluguel de imóveis apresentou a maior média de pessoas ocupadas por empresa, 7, enquanto a média do segmento foi 5.

Manutenção e reparação de veículos gerou receita de R$ 7,7 bilhões

A atividade de manutenção e reparação de veículos automotores englobou a maior parte das empresas (54.956 ou 56,3%), da receita (R$ 7,7 bilhões ou 50,2%), da massa salarial (R$ 2,4 bilhões ou 50,8%) e do emprego dos serviços de manutenção e reparação (226.868 ou 56,7% das pessoas ocupadas).

Já a atividade de manutenção e reparação de equipamentos de informática e comunicação obteve produtividade (R$ 38,7 mil) superior à alcançada pelo segmento (R$ 24,3 mil) e pagava, em média, 2,2 salários mínimos, enquanto o salário médio do conjunto dos serviços de manutenção e reparação foi 1,7.

Com informações da Agência Brasil e do IBGE


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Leia a publicação completa da PAS 2010 

 

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