Plano Temer quer desconstruir arquitetura de direitos sociais, diz Lindbergh

Plano Temer quer desconstruir arquitetura de direitos sociais, diz Lindbergh

Lindbergh sobre o Plano Temer: “Para o social restarão as sobras”O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse, nesta quinta-feira (31), que o impeachment defendido pela oposição pretende, de um único golpe, exterminar três grandes patrimônios sociais e políticos do Brasil: os legados de Lula, Ulysses Guimarães e Getúlio Vargas.

“Não é exagero, não é invenção, é o que está escrito no programa econômico do golpe de Michel Temer e Eduardo Cunha, o documento Uma Ponte para o Futuro divulgado há poucos meses. O título é evidentemente enganoso, não se trata de uma ponte para o futuro, trata-se de uma pinguela para o passado e não é um passado recente, é um passado longínquo, bem atrasado”, disse.

De acordo com o senador, o programa do PMDB não é apenas a revisão das políticas sociais que o PT implantou em seu programa neodesenvolvimentista e nem se trata de voltar ao status quo ante do neoliberalismo que vigia na época em que o PSDB governava o Brasil.

“A ideia aqui é desconstruir toda a arquitetura histórica de direitos sociais e mecanismos econômicos que, bem ou mal, apontam para a criação de um capitalismo minimamente civilizado no Brasil. A ideia é nos levar de volta à República Velha, na qual a questão social era simples caso de polícia”, apontou.

A consequência imediata da implementação do projeto gestado pelo PMDB, segundo Lindbergh, é que as ações públicas nas áreas de saúde, educação, previdência, assistência, geração de emprego e renda, habitação, saneamento, transporte público não teriam mais continuidade de longo prazo. Tudo ficaria, explicou, ao sabor de avaliações técnicas feitas por um conjunto de tecnocratas.

“Trocando em miúdos, após se pagar a dinheirama bilionária para cevar bancos e rentistas e se fazer um grande superávit primário, se decidirá se há ou não recursos para pagar saúde e educação devidas aos brasileiros. Se não houver, não se paga ou se reduz bastante”, disse. “A consequência principal, além da imediata, é que todos os programas sociais relevantes serão precarizados. Não se trata apenas do Bolsa Família, do Mais Médicos e de outros programas implantados pelo PT”, emendou.

A prioridade do programa Cunha-Temer, salientou o senador, é usar o dinheiro dos impostos para assegurar a remuneração do sistema financeiro. “Para o social restarão as sobras”.

Nesse ambiente golpista que configura ameaça ao Estado democrático de direito e aos direitos e garantias individuais, o senador explicou que a desconstrução desses legados sociais e dos direitos sociais e econômicos completaria a tarefa de nos fazer regredir a estágios históricos que “julgávamos superados”.

“A combinação altamente tóxica de golpe político, fragilização da democracia e regressão social geraria um quadro no qual a demonização do estado do bem-estar, das políticas sociais e das esquerdas se entrelaçaria com a marginalização das forças progressistas do País”, reforçou.

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