Impunidade é a marca registrada da Justiça no caso da Boate Kiss, aponta Paim

Impunidade é a marca registrada da Justiça no caso da Boate Kiss, aponta Paim

Depois de quatro anos da tragédia que matou 242 jovens na Boate Kiss, Justiça não conseguiu apontar culpados ou puni-losUm contundente discurso do senador Paulo Paim (PT-RS), na tarde desta segunda-feira (17), retrata aquele ditado de que a impunidade vale a pena no Brasil, porque ninguém vai preso. Passados quatro anos da tragédia que matou 242 jovens na Boate Kiss, de Santa Maria (RS), a Justiça brasileira não conseguiu apontar culpados. Para piorar esse retrato, no dia 5 deste mês, a Justiça Militar do Rio Grande do Sul inocentou um dos acusados e reduziu a pena de outros dois réus no processo. A tragédia aconteceu de madrugada, com um incêndio na boate que não tinha várias saídas e emergência e as que existiam estavam trancadas. 

“Infelizmente, a Justiça brasileira está dando respaldo a mais uma impunidade. Está mais interessada no atendimento da corporação do que em atender às demandas da população. Veja o caso de Carandiru, de Osasco, e, agora, da Boate Kiss”, criticou o senador. 

Paim foi responsável pela realização de várias audiências públicas com os pais das vítimas. O parlamentar citou uma nota da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria que repudia a falta de justiça. Vale notar que o juiz corregedor, Paulo Roberto Mendes Rodrigues, está sofrendo uma sindicância pelo próprio tribunal. 

“Segundo o que os familiares me mandaram, com a juíza e com os coronéis que fazem parte da mesa do júri, vai ficar tudo sem resposta adequada. A nota da associação termina indagando sobre o que devemos esperar da Segurança Pública e da Justiça do nosso estado. A tragédia de Santa Maria não foi obra do acaso, não foi uma fatalidade imprevisível nem incontornável! Foi o resultado fatídico de uma sucessão de erros, omissões e irregularidades, os quais aconteceram e continuam acontecendo diariamente em inúmeras boates e casas noturnas do nosso País, que não tiveram ainda o mesmo azar”, disse ele. 

Paim repudiou o fato de que, além de inocentar os envolvidos na tragédia, três pais de jovens mortos estão – inacreditavelmente – sendo processados, porque cobraram a responsabilização dos gestores municipais na tragédia e criticaram publicamente a condução do processo. “Quer dizer, não bastasse o sofrimento desses pais que perderam seus filhos, de forma trágica, ainda são submetidos a responder processo de calúnia, cuja pena de detenção vai de seis a dois anos e multa. Inacreditável isso”, salientou. 

O senador Paulo Paim anunciou que nova audiência pública será realizada dia 11 de novembro, e apelou para que o Ministério Público estadual tenha a dignidade de retirar o processo contra os pais dos jovens mortos. Não é possível, segundo o senador, que o Estado processe as vítimas da tragédia em vez de defende-las. “O Ministério Público tem que usar a lei para atingir o bem comum, e não para procrastinar ou para defender interesses duvidosos. Isso é uma verdadeira perversão dos ideais democráticos”. 

Previdência Social 

O senador Paulo Paim informou ainda que algumas centrais sindicais – como a CSB, a Nova Central, a UGT e o Fórum Sindical, além de 17 confederações –, apresentaram ao governo federal um documento contendo nove medidas para melhorar a arrecadação e a gestão do sistema previdenciário brasileiro. 

As centrais entendem que a Previdência Social é, e sempre foi, superavitária, sendo desnecessária qualquer reforma que signifique supressão ou retirada de direitos adquiridos pelos trabalhadores aposentados e pensionistas. As centrais consideram que a plena cobertura previdenciária é um objetivo permanente a ser buscado, demandando políticas e programas específicos, e sugerem a criação do Conselho Nacional de Seguridade Social, com composição multipartite. 

Confira as nove medidas propostas: 

1 – Revisão ou fim das desonerações das contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento das empresas;

2 – Revisão das isenções previdenciárias para entidades filantrópicas;

3 – Alienação de imóveis da Previdência Social e de outros patrimônios em desuso, por meio de leilão;

4 – Fim da aplicação da DRU (Desvinculação de Receitas da União) sobre o orçamento da Seguridade Social, já que o governo diz que não vai desvincular 30% do orçamento da Seguridade Social;

5 – Criação de Refis para a cobrança dos R$ 236 bilhões de dívidas ativas recuperáveis com a Previdência Social;

6 – Melhoria da fiscalização da Previdência Social, por meio do aumento do número de fiscais em atividade e aperfeiçoamento da gestão, aumentando a colaboração e agilizando processos de fiscalização;

7 – Revisão das alíquotas de contribuição para a Previdência Social do setor ligado ao agronegócio;

8 – Destinação à Seguridade e/ou à Previdência das receitas fiscais oriundas da regulamentação de todos os jogos, como, por exemplo, os chamados jogos de azar, em discussão no Congresso Nacional;

 

9 – Recriação do Ministério da Previdência Social.

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