Levantamento feito pela Rede Simex, consórcio de organizações ambientalistas, revela que aumentou em quase 1000% a extração ilegal de madeira em territórios indígenas no governo Bolsonaro. Entre 2019 e 2020, foram registrados 158 hectares de corte ilegal nessas áreas, enquanto entre 2020 e 2021 esse número chegou a 1.720 hectares. Significa que em apenas um ano a área explorada de forma criminosa aumentou 11 vezes no estado.
O mesmo estudo, publicado pelo Portal G1 nesta quarta-feira (21), aponta que aumentou o número de territórios invadidos pelos criminosos. Até 2020, afirmam os pesquisadores, apenas a Terra Indígena Baú, no sudeste do Pará, havia sofrido extração madeireira. Já nos últimos dois anos, mais quatro regiões foram invadidas por madeireiros: Anhambé, Cachoeira Seca, Sarauá e Amanayé, a mais afetada de todas, com 1.255 hectares derrubados para descaminho de madeira.
Por lei, essas áreas deveriam ser protegidas pela União. E a responsabilidade é de órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai), criada para cuidar dos povos indígenas, e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que fiscaliza crimes ambientais. Mas, como denuncia o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), o desmonte dessas instituições serviu como salvo conduto para o crime organizado.
“O descaso do governo com a fiscalização nas terras indígenas possibilitou esse cenário de terra arrasada. É preciso urgentemente mudar essa política destruidora de Bolsonaro já no início de 2023. Essas ações ilegais não afetam apenas os nossos povos tradicionais, mas a imagem do Brasil no mercado externo”, advertiu o senador, lembrando as ameaças de boicote internacional a produtos brasileiros originados de desmatamento e outras práticas danosas ao meio ambiente, caso do corte ilegal de madeira.
Sob Bolsonaro, os madeireiros também se sentiram à vontade para invadir unidades de conservação. A Rede Simex identificou 128 hectares com extração não autorizada em unidades de conservação no Pará entre 2020 e 2021, o que até então não vinha acontecendo. Quase metade (45%) desse desmate em busca de madeira aconteceu na Floresta Nacional do Jamanxim, próximo dos municípios de Itaituba e Novo Progresso.
A Rede Simex é integrada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e Instituto Centro de Vida (ICV).