Direitos Humanos

Indígenas são reprimidos e impedidos de entrar no Senado

Batalhão de Choque da PM retira índios das proximidades do Congresso. Eles iriam participar de reunião da Comissão de Direitos Humanos do Senado
Indígenas são reprimidos e impedidos de entrar no Senado

Foto: Revista Fórum

Após sofrerem ontem com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, indígenas foram novamente reprimidos nesta quarta-feira (26): um Batalhão de Choque da Polícia Militar atuou de forma violenta contra lideranças dos povos tradicionais. Eles tentavam participar de audiência na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal.

A presidenta da CDH, Regina Sousa (PT-PI), repudiou os novos atos abusivos. “Me preocupa é o método. A repressão aos movimentos está chegando aos limites da ditadura militar”, denunciou. A truculência acabou alterando o local da reunião do colegiado: originalmente prevista para acontecer no Senado, a audiência foi transferida para o Acampamento Terra Livre, ao lado do Teatro Nacional, em Brasília. Assista a fala da senadora Regina no acampamento:

Do plenário, senadoras do PT também criticaram o uso da força contra indígenas desarmados. “Esse Batalhão da Polícia Militar chegou a prender uma pessoa que estava filmando, não era nem um índio, não deixou que os índios entrassem e os foram conduzindo para fora das dependências do Congresso”, criticou a líder do partido na Casa, Gleisi Hoffmann (PR).

“Engraçado que se estiver de terno e gravata, podem entrar no Senado 100, 200, como aconteceu hoje pela manhã na Comissão de Constituição e Justiça [que votou o projeto sobre abuso de autoridade]. Agora, para a Comissão de Direitos Humanos, estavam limitados a 30, 50. Um absurdo. Isso aqui é a Casa do Povo”, emendou Gleisi.

Da entrada do Senado, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) filmou a mobilização policial que impediu a entrada de indígenas.

Assista:

Reunião com senadores

Também nesta quarta, representantes de povos indígenas das cinco regiões do Brasil se reuniram na Liderança do PT no Senado, em Brasília. Questões como a violenta repressão de terça-feira (25) e a demarcação de terras indígenas estiveram na pauta – inclusive com elogios e críticas aos governos Lula e Dilma em relação a este tema.

“Reconhecemos erros no nosso governo. Mas tivemos acertos em todas as áreas. Inclusive, em reunião nesta semana de indígenas com o ex-presidente Lula, foi dito que 1.800 [índios] tiveram a oportunidade de fazer doutorado. Houve avanços e conquistas importantes. […] Nós podemos ter errado no governo, o PT pode ter errado em um monte de coisa, mas não mudamos de lado. Nós não traímos a classe trabalhadora e os povos tradicionais”, destacou o senador Paulo Rocha (PT-PA).

Gleisi lembrou que o governo petista conseguiu colocar em evidência a pauta indígena, mesmo não sendo possível atender a todas as reivindicações. “Lula colocou a pauta indígena sob a luz do dia. Colocou a negociação na mesa. Mas não é fácil. Como você muda a história de 500 anos em 13 anos? Não é possível”, disse a parlamentar.

Já a presidenta da Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado (CDR), Fátima Bezerra (PT-RN), disse que o Partido dos Trabalhadores está junto com os povos tradicionais para barrar os retrocessos promovidos pela gestão Temer e zelar pela cidadania das comunidades. “Os povos indígenas precisam de mais assistência, saúde, educação e sustentabilidade dos territórios. Este Congresso não tem autoridade moral e nem política para aprovar leis que ferem a cidadania do povo brasileiro”, completou.

Entre as conquistas do governo Lula para os povos tradicionais, está a homologação, em 2005, da terra indígena Raposa do Sol, com mais de 1,7 milhão de hectares e onde vivem cerca de 20 mil índios.

Veja como foi a reunião:

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