INPC, índice que corrige o salário mínimo, ficou em 6,58%. Valor do mínimo de R$ 937 traz perda real, porque só subiu 6,48%
Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas Marcello Antunes 11 de janeiro de 2017/ 14:05 Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1979, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) reflete o impacto da inflação no bolso das famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. E no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, conforme divulgou hoje o IBGE, a elevação dos preços ficou 6,58%. É verdade que esse número recuou em relação ao índice de 2015, quando superou os 10%, mas a justificativa para esse patamar de 2016 ainda elevado não deve ser atribuído a um resultado das políticas fiscal e monetária. O governo Temer deu sinal verde para o aumento dos juros da Taxa Selic para 13,75% ao ano, como forma de atender os banqueiros que foram parceiros no financiamento do golpe, e como se esse aperto fosse suficiente para evitar a alta dos preços a partir de um choque na demanda, ou seja, inibir as famílias de comprar. Em nada justifica o governo manter os juros em 13,75% ao ano quando a inflação do INPC ficou em 6,58% ou quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais abrangente pois se refere ao comportamento dos preços para famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, ficou em 6,29%. Numa conta simples, subtrair a inflação do INPC de 6,58% dos juros em 13,75% dá como resultado 7,17 pontos percentuais. Essa diferença é o ganho limpo que os especuladores ganham quando aplicam nos títulos do governo. Se essa conta tomar por base o IPCA que ficou em 6,29%, o ganho real foi maior ainda, de 7,46 pontos percentuais. Em termos de juros, a diferença do IPCA para a Selic garantiu um ganho real de 7,02% no ano, um número que os especuladores não encontram em nenhum lugar do planeta. A equipe econômica da presidenta Dilma Rouseff, tendo à frente Nelson Barbosa na Fazenda e Alexandre Tombini no Banco Central, afirmavam que o comportamento dos preços dos alimentos e outros itens importantes na cadeia produtiva iriam cair, como caíram, mas o efeito seria o inverso do que o proposto pela equipe de Temer. A orientação era manter o ritmo do consumo para amainar os efeitos da recessão, podendo alguns setores até mesmo retomar a criação de postos de trabalho. Diante de um cenário assim, o passo seguinte era a queda mais forte dos juros da Taxa Selic, que influencia diretamente os juros cobrados em linhas de crédito populares, como o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e outras. O que acontece na gestão de Temer é que os juros da Selic em níveis insuportáveis para a economia só aumenta a desconfiança e não sinaliza para nenhum setor que a recessão vai diminuir. Por qual motivo um empresário se arriscaria a investir no aumento de sua produção se o governo garante juros reais de 7% ao ano e sua credibilidade é zero.