Inflação de maio cai para 0,46% e fica dentro da meta do BC

Inflação continua em queda. Índice poderia ser ainda menor, se não fosse o reajuste dos preços dos remédios.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta quarta-feira (22) a inflação relativa ao mês de maio. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,46% e abaixo da variação de 0,51% apurada em abril. No acumulado do ano o IPCA está em 3,06% e, em doze meses, em 6,46%, portanto, dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 6,50%. O resultado de maio teve impacto do reajuste dos remédios autorizado pela agência reguladora em 4 abril, variando de 2,7% a 6,31%.

Se os remédios pesaram mais na inflação de maio, o grupo alimentação e bebidas teve um efeito positivo. Em abril, a variação ficou em 1% e caiu para 0,47% em maio, reduzindo o impacto sobre o IPCA de 0,24 ponto percentual para 0,12 ponto percentual. O grupo Habitação apresentou uma variação de 0,68% em abril e subiu para 0,72% em maio, com impacto idêntico sobre a inflação de 0,10 ponto percentual nos dois meses.  

É importante destacar nesse resultado o forte recuo nos preços dos alimentos, cujo peso no gasto das famílias é expressivo. Os preços do açúcar refinado caíram 6,46%; do açúcar cristal 2,37%, do óleo de soja 2,23%, do café 1,92%, do arroz 1,78%, do frango 1,72% e carnes 0,75%. Os preços do tomate, que foi o vilão da inflação entre março e abril, caíram em maio 12,42%. Entre alimentos que tiveram elevação de preços estão o feijão carioca, com alta de 10,13%, cebola, 5,63%; batata-inglesa, 5,45%, leite em pó, 3,32%, leite longa vida, 3,14%, frutas 2,33% e pão francês, 1,5%.

Ontem, na Comissão Mista de Orçamento (CMO), o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, lembrou que o efeito sazonal, ou seja, a pressão pontual sobre os preços dos alimentos, tem sido acompanhada atentamente pela autoridade monetária e sempre com um olhar no longo prazo. “Não é porque a inflação ficou muito alta em um mês que nós temos um descontrole. Da mesma forma, não é porque a inflação caiu muito num mês que o processo está controlado. O acompanhamento é contínuo”, afirmou.

É por essa linha de atuação que Tombini respondeu a uma pergunta do deputado Junge Abe (PSD-SP) sobre as fortes variações nos preços dos produtos hortifrutigranjeiros. Segundo o deputado, antigamente a Sunab controlava os preços, mas hoje em dia isso não é possível, daí itens como a batata, a cebola e o tomate oscilarem ao sabor da especulação e influenciados por fatores adversos como excesso de chuva ou seca fora do normal no período de colheita, o que afeta os preços finais aos consumidores. Para Tombini, o efeito sazonal em culturas como essas sempre ocorreu, mas nem por isso o acompanhamento dos preços deixou de ser feito para evitar o contágio para outros produtos.

Segundo o IBGE, os índices regionais de inflação apontaram que Recife teve a maior alta: 0,76%, com os preços dos alimentos subindo 1,33%, acima da média de 0,47%. Em doze meses, a inflação em Recife está em 7,79%. Já na zona metropolitana de Salvador, por exemplo, a inflação ficou em 0,23%, o menor índice entre as capitais, por conta da redução pela metade no valor das tarifas de ônibus. Em doze meses, a inflação acumulada está em 6,64%. Em Belo Horizonte, a inflação de maio ficou em 0,5%. No acumulado de doze meses está em 6,63%.

Marcello Antunes

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