Os sinais de reação da atividade econômica estão colocados na mesa e vão refletir, literalmente, na mesa dos trabalhadores. A produção industrial interrompeu sete meses de retração – algumas empresas já pensam em contratar -, e agora acaba de sair um dado que confirma a tendência de queda da inflação, o que pode resultar na tão esperada queda da taxa de juros Selic, hoje em 14,5% ao ano. A queda da inflação permite reduzir os juros pois, caso contrários, aumentará o ganho real dos rentistas e daqueles que apostam no quanto pior melhor.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro ficou em 0,9%, abaixo da taxa de janeiro de 1,27%. A queda foi de 0,37 ponto percentual. No ano, a inflação acumulada está em 2,18% e a tendência é de queda. No acumulado de janeiro e fevereiro do ano passado, o IPCA ficou em 2,48% e no acumulado em doze meses, tendo fevereiro como base, ficou em 10,36%, abaixo, portanto, dos 10,71% nos doze meses anteriores de 2015.
Dentre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para formar o IPCA, o reajuste das mensalidades das escolas particulares contribuiu para a inflação, pois o aumento médio foi de 5,9% nas parcelas. Em Fortaleza não houve diferença por causa da data do reajuste, mas na região metropolitana do Recife o aumento das mensalidades foi de 3,99% e na região metropolitana do Rio de Janeiro o reajuste ficou em 10,88%.
Vale destacar que alimentos e bebidas, cuja inflação tinha ficado em 2,28% em janeiro, recuou para 1,06% em fevereiro. Em Habitação, a variação em fevereiro foi negativa (-0,15%) ante a taxa de 0,81% em janeiro. Nota-se que os proprietários estão negociando com os locatários reajustes menores, porque é mais vantajoso, para eles, manter o imóvel comercial ou residencial alugado do que vazio. A tendência é que esse item continue contribuindo para o conjunto da inflação. Transportes também caiu: em janeiro a taxa ficou em 1,77% e caiu para 0,62% em fevereiro.
O impacto sobre a inflação poderia ter sido bem maior, já que na região metropolitana de Curitiba a tarifa de ônibus aos domingos subiu 66,67%, de R$ 1,50 para R$ 2,50. Os reajustes variaram de 10% no valor das passagens em Salvador à 12% em Curitiba, para os dias normais da semana. Nos ônibus intermunicipais, que atendem grande parcela dos trabalhadores, as passagens subiram 25% em Curitiba, 12,66% em Belo Horizonte, 10,48% no Rio de Janeiro, 8,57% em São Paulo, 12,24% em Vitória e 9,30% em Salvador.
As contas de energia elétrica, por sua vez, caíram 2,16%. A queda é atribuída à redução no valor da bandeira tarifária vermelha, que passou de R$ 4,50 para R$ 3,00 para cada 100 kilowatts/hora consumidos a partir de fevereiro. A tendência é de novas reduções na conta de luz, porque o governo acaba de anunciar notícia alvissareira: o desligamento das usinas termelétricas com custo de produção acima de R$ 250,00 o Megawatt/hora (MW). Isso ocorre porque de novembro para cá o regime de chuvas melhorou substancialmente os reservatórios das hidrelétricas.
Por mais que a oposição critique e repita que Dilma aumentou a conta de luz, a verdade verdadeira é outra, porque o ICMS incidente na conta de luz tem alíquotas pesadíssimas, de 21% no Distrito Federal a 35%.
Marcello Antunes