A retomada econômica do país pode ser prejudicada pelo aumento do emprego informal, ou seja, sem carteira assinada.
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (26), a recuperação do mercado de trabalho puxado pelo emprego informal não dá segurança para as famílias brasileiras voltarem a “consumir com força e pode comprometer a retomada” econômica.
Um estudo da consultoria de Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, busca entender por que projeções de consumo vinham negligenciando esse efeito, de acordo com o jornal.
Segundo disse à Folha o economista da consultoria AC Pastore, Marcelo Gazzano, a propensão a consumir de um empregado formal, que tem mais segurança e acesso ao crédito, é maior do que a de um informal.
[blockquote align=”none” author=”Senador Paulo Paim”]É um equívoco acharem que arrochando salário a situação do País vai melhorar. Empregador que é inteligente paga bem o seu trabalhador. Com o arrocho, perde o empregador, perde o trabalhador, perde o consumidor e perde a arrecadação que o governo deveria fazer[/blockquote]
Adeus, pleno emprego
O consumo no país atingiu o pico entre os anos de 2011 e 2014, durante o governo Dilma Rousseff. No período, a proporção de trabalhadores com carteira assinada na população ocupada também esteve no teto histórico, ao redor de 45%. Mas essa realidade mudou – e muito – para a pior.
O Brasil saiu do pleno emprego, quando haviam 39,9 milhões de trabalhadores com carteira, para uma situação atual com 12,3 milhões de desempregados, 26,4 milhões de subempregados e 4,4 milhões que desistiram de buscar trabalho, diz a reportagem da Folha.
A mudança no quadro, segundo especialistas, mostra que o crescimento do mercado de trabalho se ancora na criação de 1,8 milhões de vagas, todas no setor informal. Já com carteira assinada, foram 685 mil vagas perdidas.
Para o senador Paulo Paim (PT-RS), outros fatores também deixam as famílias inseguras para voltarem a consumir, como o arrocho salarial – facilitado por medidas aprovadas pelo Congresso Nacional como a reforma trabalhista. O petista lembra que a diminuição de salário reduz a arrecadação de impostos e o poder de compra do trabalhador.
“É um equívoco acharem que arrochando salário a situação do País vai melhorar. Empregador que é inteligente paga bem o seu trabalhador. Com o arrocho, perde o empregador, perde o trabalhador, perde o consumidor e perde a arrecadação que o governo deveria fazer”, afirmou o senador.
A equipe de AC Pastore, segundo a Folha, considera revisar a projeção de crescimento para 2018, ainda em 3%. A expectativa é que fique por volta de 2,5%.