O mais claro sinal de que a CPI da Covid realmente encontrou irregularidades escandalosas na compra de vacinas por parte do governo Bolsonaro é a fuga desesperada de testemunhas, que fazem de tudo para não depor perante a comissão parlamentar de inquérito. Duas das testemunhas previstas para esta semana buscaram formas de não comparecer ou, ao menos, não responder às perguntas dos senadores.
Emanuela Medrades, responsável técnica da Precisa Medicamentos, que depõe nesta terça-feira (13), recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não comparecer à CPI ou, então, para poder permanecer em silêncio e não ser obrigada a dizer a verdade. O pedido foi analisado pelo presidente da Corte, ministro Luiz Fux, que determinou a ida de Medrades, mas lhe concedeu o direito de permanecer calada.
A Precisa é a empresa que intermediou outro escândalo de compra de vacinas do governo Bolsonaro, envolvendo doses da indiana Covaxin. O próprio Bolsonaro informou o governo indiano da compra, que acabou suspensa depois de as denúncias de corrupção virem à tona.
Já o reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), entidade que, inexplicavelmente, obteve autorização para negociar vacinas em nome do governo.
Com bom trânsito entre bolsonaristas, o pastor estava à frente da suspeita negociação de 400 milhões de doses da Astrazeneca que seriam vendidas pela empresa norte-americana Davati. Amilton era esperado para depor nesta quarta-feira (14), mas apresentou um atestado médico para não comparecer, e sua audiência teve de ser adiada, para data ainda a ser definida.