Nordestinos dão nota 7,38 para suas vidas, maior que em 94% de 147 países pesquisados.
“A desigualdade continua caindo, e a permanência desse movimento é um componente fundamental para avaliarmos o crescimento”
A queda da desigualdade social no Brasil avançou em 2012 e a renda do trabalhador segue em forte alta. As famílias brasileiras se declaram altamente satisfeitas. É o que revelou a pesquisa Intitulado 2012: Desenvolvimento Inclusivo Sustentável?, o Comunicado nº 158, divulgada nesta terça-feira (18) pelo Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA). O Ipea aplicou em outubro perguntas padronizadas de questionários internacionais em 3.800 domicílios e confirmou o alto grau de felicidade prevalecente no país – numa escala de 0 a 10, os brasileiros dão, em média, nota 7,1 para suas vidas. Esse nível colocaria o Brasil em 16º lugar entre 147 países pesquisados no Gallup World Poll, que apontava uma felicidade média de 6,8 no Brasil em 2010. “Os padrões de vida estão mais sustentáveis do que antes, não só pelo aumento da renda individual do trabalho, mas também pela sua estabilidade”, pontuou Neri.
Segundo o IPEA, as razões desse bem-estar podem estar na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou o desemprego em menores níveis da série iniciada em 2002 e as rendas crescendo bem mais que o PIB per capita. . As rendas que mais crescem são as dos mais pobres e as de grupos tradicionalmente excluídos, como mulheres, negros e analfabetos. A renda individual média da população de 15 a 60 anos de idade sobe 4,89% de 2011 para 2012, contra taxa média de 4,35% ao ano entre 2003 e 2012. Já a desigualdade de renda domiciliar per capita cai em 2012, segundo a PME, a uma velocidade 40,5% maior que a observada de 2003 a 2011 na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), também do IBGE.
A nota média de satisfação com a vida de quem recebe mais de 10 salários mínimos é 8,4, contra 6,5 de quem vive apenas com o mínimo e 3,7 dos sem renda. Por outro lado, nem tudo é dinheiro. Embora pobre, a região mais feliz do país é o Nordeste, com nota média de 7,38 (veja o gráfico abaixo). Se fosse um país, o Nordeste estaria em 9º lugar no ranking global, entre a Finlândia e a Bélgica. As médias das demais regiões são 7,37 no Centro-Oeste, 7,2 no Sul, 7,13 no Norte e 6,68 no Sudeste.
Desigualdade
O índice de Gini fica, em 2012, em 0,522, de acordo com os dados da PME que vão até setembro. A redução dessa taxa segue a linha de queda iniciada na década de 1990. De 2003 a 2011, o índice caiu em média 1,2% ao ano. Entre o ano passado e este, de outubro a outubro, a queda está registrada em 1,69%. “A desigualdade continua caindo, e a permanência desse movimento é um componente fundamental para avaliarmos o crescimento, apesar da crise financeira mundial e do baixo crescimento do PIB”.
O estudo segue as recomendações do Relatório Stiglitz-Sen, criado em 2008 a pedido do então presidente da França Nicolas Sarkozy, para a elaboração de um método alternativo de mensurar o crescimento de um país. Segundo o relatório, a riqueza deve ser medida pela renda e consumo das famílias, pela distribuição, estoque de riqueza e por medidas de bem-estar.
Leia o “Comunicado do Ipea nº 158 – 2012: Desenvolvimento Inclusivo Sustentável?”
Íntegra da apresentação do “Comunicado 158 – 2012: Desenvolvimento inclusivo sustentável?”
Com informações do Ipea