Assim como fez o mercado financeiro, há 10 dias, a última Visão Geral da Conjuntura, análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada nesta semana, também reconsiderou as estimativas anteriores de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. O Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea revisou as projeções para cima: de 2,3% para 3,3%.
De acordo com a análise, o impacto do desastre climático no Rio Grande Sul sobre o PIB do país parece ter sido debelado no curto prazo, muito graças à solidariedade do governo Lula para com o povo gaúcho desde o primeiro momento. A reconstrução do estado devastado pelas piores enchentes de sua história tornou-se compromisso do presidente. Indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam a retomada forte do crescimento em junho, após queda acentuada em maio, quando foi decretada calamidade pública.
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“O resultado registrado pelo PIB no segundo trimestre de 2024, com avanço de 1,4% em relação ao primeiro trimestre de 2024 (isto é, na margem) e de 3,3% em relação ao segundo trimestre de 2023 (isto é, na comparação interanual), se mostrou significativamente maior do que havíamos previsto”, reconhecem os economistas Claudio Roberto Amitrano, Mônica Mora Y Araújo e Claudio Hamilton Matos dos Santos, na Carta de Conjuntura, publicada pelo Dimac.
Entre os pontos salientados pelos pesquisadores do Ipea para a revisão do PIB, destaca-se o crescimento da massa salarial ampliada, “puxada por um mercado de trabalho aquecido e por aumentos nos gastos com benefícios de previdência e assistência social pagos pelo governo – com rebatimentos sobre o desempenho do consumo das famílias”.
Principal vetor do aquecimento econômico brasileiro, as vendas de bens e serviços garantem tração ao crescimento do PIB em 2024, enquanto que a demanda por bens de capital em alta estimula a produção da indústria de transformação.
Política de juros
O presidente Lula tem insistido nos discursos que o desempenho do PIB em 2024 vai surpreender os especialistas, assim como ocorreu em 2023. Nesse sentido, o petista enfatiza, sempre que pode, a necessidade de se arrefecer a taxa básica de juros da economia, a Selic. Lula acumula críticas à gestão de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central (BC), autarquia encarregada da política monetária.
Na Visão Geral da Conjuntura, o Ipea responsabiliza o BC por uma eventual desaceleração da economia no segundo semestre. Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom), que é presidido por Campos Neto, optou por elevar a Selic ao patamar de 10,75% ao ano, mesmo com as medidas do governo federal que consolidaram o aumento da renda, a queda do desemprego e o controle estrito sobre a inflação.
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“Por outro lado, alguns fatores indicam um crescimento menos robusto para o segundo semestre de 2024, em comparação com o primeiro. Enquanto o Banco Central iniciou, em setembro, um ciclo de aumento da taxa de juros, o impulso fiscal por parte do governo tende a ser menor do que o ocorrido anteriormente”, antevê o Ipea.
A decisão do Copom revela-se ainda mais extemporânea no momento em que o Brasil se encaminha para readquirir o chamado “grau de investimento”, conquistado durante os dois primeiros governos do presidente Lula (2003-2010). Na terça (1), a agência de classificação de riscos Moody’s elevou a nota brasileira de Ba2 para Ba1, ou seja, a um passo de se tornar um país seguro para investidores.
“Tapa na cara”
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), aproveitou a decisão da Moody’s para alfinetar os especuladores, cotidianamente equivocados nas projeções. Por meio das redes sociais, nesta quinta-feira (3), a presidenta do PT chamou de “economistas amestrados” os analistas do mercado financeiro.
“Alta na nota de investimento do Brasil pela Moody’s é um tapa na cara do mercado financeiro. Tem até professor-de-deus dizendo na mídia que vão recuar ‘daqui a dois, três anos’. Economistas amestrados não resistem à realidade solar: país está melhorando com Lula e isso só é ruim para os especuladores”, publicou Gleisi, no Bluesky.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que o “grau de investimento” significa “um selo de bom pagador”. “De acordo com a Moody’s, o Brasil está a um passo do ‘grau de investimento’. Esse é um selo de bom pagador concedido pelas agências, que assegura aos investidores um menor risco de calote. Essa Venezuela tá muito diferente! Faz o ‘L’!”, ironizou o parlamentar, por meio das redes sociais.
Com informações do Ipea