O presidente Jair Bolsonaro abandonou o isolamento do coronavírus para participar de ato pró-governo em frente ao Palácio do Planalto. Desobedecendo orientação do próprio Ministério da Saúde, ele tocou em manifestantes e, após, saiu em carreata pela Esplanada. Em entrevista, no domingo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que as regras “valem para todos”. Os presidentes do Senado e da Câmara, David Alcolumbre e Rodrigo Maia, também criticaram a atitude de Bolsonaro.
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), “o pior exemplo no Brasil vem do presidente da República, aquele que chamou o coronavírus de fantasia e apareceu de máscara depois”. “Jair Bolsonaro dá um show de irresponsabilidade”, alertou o senador petista, cobrando adequação ao cargo exercido pela capitão. Na semana passada, o Banco Central já havia informado os parlamentares, em reunião no Congresso Nacional, que a velocidade de contágio do vírus é mais rápida no Brasil.
Seguindo o mau exemplo presidencial, em diversos estados manifestantes afirmaram nas ruas que o coronavírus é uma invenção. Na semana passada, Bolsonaro disse que a epedemia era uma “fantasia” criada pela mídia. Em Goiás, manifestantes vaiaram o governador Ronaldo Caiado que impediu a circulação de caminhão de som na manifestação. No Maranhão, porta-vozes das manifestações defenderam que o coronavírus “não mata”.
“Na hora da crise e da pandemia, o país precisa de um governo responsável, sério e que pense primeiro na população”, denunciou a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann, no domingo à tarde. “Mas o que temos no Planalto é um covarde fanfarrão, que se comporta como cafajeste”, afirmou. No final de semana, o PT apresentou um conjunto de propostas para enfrentar a crise, incluindo destravar os recursos do SUS.
No domingo, enquanto ocorriam as manifestações, a mídia contabilizava mais dois nomes na lista de contaminados na comitiva presidencial aos Estados Unidos – um funcionário da Secom e um empresário paulista. Até esta segunda-feira, já chegam a 11 o número de integrantes da comitiva que testaram positivo. O prefeito de Miami, que participou de jantar com Bolsonaro, também testou positivo, noticiou a midia norte-americana.
“Para espalhar o vírus do fascismo, Bolsonaro não se importa em espalhar o coronavírus”, alertou a presidente do PT. Em suas redes sociais, Gleisi chamou as pessoas para “escutar e apoiar os médicos, cientistas, enfermeiros e enfermeiras e profissionais da saúde”. De acordo com ela, “serão eles que estarão conosco na guerra contra o coronavirus”.