O colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, Janio de Freitas, retorna hoje, na edição impressa, ao tema Pinheirinho com o artigo “No chão de outrora”. De novo – e desta vez o puxão de orelhas vem de um dos jornalistas mais lidos do País – chama-se novamente a atenção para o desempenho da imprensa na questão do Pinheirinho. “Obrigação do jornalismo raras vezes praticada pelos jornalistas, o retorno ao fato ‘encerrado’ para verificar seus seguimentos (todos o têm, com menor ou maior interesse) fez com que Laura Capriglione e Marlene Bergamo recuperassem, pairando sobre os escombros do Pinheirinho, as muitas dívidas que as autoridades e nós outros temos com as 9.000 vítimas da brutalidade tsunâmica naquela falsa ‘recuperação de posse’, diz ele.
Para o jornalista, “os escombros das vidas vividas no Pinheirinho estão largados nos ‘abrigos’ de quem, roubada sua moradia pela violência que se utiliza do nome da Justiça, espera pela prometida. A anterior, cada família a fez com as próprias mãos. A próxima, se houver, será obra de uma empreiteira que aí colherá lucros extraídos de impostos pagos ao governo paulista. Inclusive pelos próprios desintegrados na reintegração do Pinheirinho. A engrenagem é diabólica”.
“E o que foi feito até agora do prometido?”, continua ele, questionando as autoridades do governo de São Paulo e da Prefeitura de São José dos Campos, ambos governados pelo PSDB. “Não se sabe”, ele mesmo responde. “Quem faz aquele tipo de reintegração de posse não é de dar informações de seus atos e compromissos públicos”.
Recomenda-se a leitura. Sobra para todos em suas atribuições de responsabilidades – inclusive para o governo federal.
“Geraldo Alckmin, acossado pela repercussão das imagens, prometeu investigação imediata do ocorrido. A investigar, mesmo, só havia a identidade do homem derrubado a porretadas e a dos facinorosos que o atacaram.
“Mais de três semanas para fazê-lo -e nada. Diante disso, vale a pena questionar as investigações mais gerais? Aquelas que, no dizer de Geraldo Alckmin, começariam por um inquérito imediato sobre a ferocidade policial, e seus chefes, entre o ataque de surpresa às 6h da manhã e o último pedaço de casa ou de móvel a ser estraçalhado.
“À falta do que dizer sobre a tal investigação, sobra o que dizer sobre a própria falta. Não se soube de providência alguma de Geraldo Alckmin, e também nada se soube da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, cuja secretária, Maria do Rosário, manifestou seu horror ao ocorrido e comprometeu-se publicamente com as providências adequadas às suas obrigações.
(…)
“Uma providência, a rigor, uma houve. Laura e Marlene saíram do território de destroços informadas de que, a parir de ontem, os ex-moradores estão proibidos de voltar aos seus restos para garimpar uma ou outra coisinha.
“Quem sabe até um brinquedinho de plástico ou uma peça de roupa, entre aqueles pedaços de suas vidas que logo vão ajudar a preencher o solo da especulação imobiliária”.
Leia na íntegra (somente para assinantes da Folha de S.Paulo ou do UOL) – No chão de outrora