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Jaques: é melhor dinheiro na economia do que em bancos

Em entrevista ao UOL, líder do governo no Senado afirma que presidente Lula está estimulando economia com retomada de programas sociais
Jaques: é melhor dinheiro na economia do que em bancos

Foto: Rafael Nunes

O presidente Lula está reconstruindo o “arcabouço” de programas sociais. A afirmação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), vai ao encontro do foco da atual gestão federal: estimular a economia por meio de ações que visem a geração de empregos, o empreendedorismo e os pequenos negócios.

O comentário do senador remete ao novo arcabouço fiscal que será apresentado pelo governo e vai substituir o atual teto de gastos. Para Wagner, em um momento em que a economia está indo mal, é preciso colocar dinheiro no mercado.

“Penso que, como cidadão comum, se a economia está indo mal, é melhor colocar dinheiro no mercado, para estimular, do que no banco. É isso o que o presidente Lula está fazendo. Ele praticamente está reconstruindo o ‘arcabouço’ de programas sociais”, afirmou o parlamentar, nesta quarta-feira (22), em entrevista ao portal UOL.

Ele citou como exemplo o relançamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em Recife (PE), hoje, dia 22. A iniciativa quer incentivar a agricultura familiar sustentável por meio do estímulo ao consumo da produção do setor, principalmente por meio de compras feitas por órgãos públicos, realizadas com dispensa de licitação, e para formação de estoques públicos. Neste ano, há previsão de serem investidos R$ 500 milhões no programa.

“Fui governador e, agora, senador pela Bahia, um estado onde mais de 200 cidades têm abaixo de 20 mil habitantes e vivem da agricultura familiar. Quando a gente tinha o PAA, era praticamente a garantia de sobrevivência dessa gente. Você comprava, colocava em merenda escolar, colocava em armazéns para revender, garantindo uma renda para essas pessoas”, explicou Wagner.

Na mesma linha, ele comentou sobre o Minha Casa, Minha Vida como um estímulo econômico. Além de incentivo para que boa parte da população realize o sonho de ter um lar. “A alegria das pessoas de imaginar: voltou a minha esperança de ter uma casa própria a uma prestação que eu possa pagar”, acrescentou.

“Então, essa dinâmica, que é de estímulo ao emprego, ao empreendedorismo, ao pequeno comércio, à pequena agricultura, eu não tenho dúvida que ela vai injetar dinheiro no mercado, na economia”, disse o senador petista.

“Marolinha”

Durante a entrevista, Jaques Wagner lembrou o episódio em que o presidente Lula em 2008, então em seu segundo mandato, afirmou que a crise global daquele ano provocaria apenas uma “marolinha” no Brasil. Ele lembrou o episódio para defender as falas de um líder, mesmo que polêmicas, para garantir a confiança na economia do país.

“Um dia perguntei para o Lula porque ele falou aquilo. Se tinha convicção plena de que seria apenas uma ‘marolinha’. Ele respondeu que não tinha essa convicção, mas sabia que, se não disse isso à Nação, seria [um clima de] barata voa. Aquela fala dele gerou um efeito extremamente positivo como líder. Não se pode tirar o direito de um presidente de externar a sua opinião”, afirmou.

Na época, a recessão no Brasil durou apenas um semestre, enquanto em outras nações deixou estragos econômicos que duraram anos. Já no segundo trimestre de 2009, por exemplo, a economia nacional cresceu 1,9%, houve a recuperação da Bolsa de Valores e a recuperação de valor do Real.

Forças Armadas X Política

Sobre o debate a respeito do papel das Forças Armadas, que ganhou força no país após quatro anos de tensões estimuladas pelo ex-militar Jair Bolsonaro, Wagner afirmou ser favorável à despolitização deste setor.

“Os militares devem respeitar o presidente para respeitar a Constituição da República. Cada um tem o direito votar em quem quiser, mas as Forças Armadas têm um comandante supremo, que é o presidente da República, carregado da legitimidade do voto popular”, afirmou.

“Na minha opinião, cada militar pode ter sua opinião política, mas não pode se filiar. Tenho profundo apreço pelas Forças Armadas, por serem quadros de Estado. Por isso vejo a necessidade de despolitizar”, acrescentou.

O líder do governo acredita que Bolsonaro fez “muito mal” aos militares. “Por isso, acho que precisamos reconstruir essa naturalidade de ser uma instituição de Estado e respeitada pelo povo brasileiro”, finalizou.

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