Em entrevista ao jornalista Leandro Demori, nesta terça-feira (11/6), o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner, lamentou que o debate político tenha perdido profundidade e se dê à base de ofensas. “As pessoas perderam um pouco da liturgia do relacionamento humano e se acham no direito de ofender por pensar diferente. Eu vivi 12 anos no Parlamento, na Câmara dos Deputados, e nós tínhamos debates até duros, mas com troca de argumentos. É a moda da lacração, e aí se estabelece um clichê, não tem muita profundidade, não tem muito argumento”, analisou.
Para o senador baiano, a situação se agrava com a crescente mistura entre religião e política, que ele considera perigosa. “Está havendo uma mistura indevida. O púlpito de uma igreja serviu agora para pregação política”, afirmou.
Wagner também apontou a ausência de regras mais claras para as redes sociais como outro fator que contribui para o cenário atual. “Muita gente usa a rede para desinformação. Se não houver algum grau de regulação, os seres humanos vão parar de tomar conta da política. Quem vai tomar conta da política serão os algoritmos”, avaliou.
Na entrevista, que foi ao ar no programa Dando a Real, da TV Brasil, Jaques Wagner alertou para a necessidade de neutralização da extrema-direita nas eleições de 2026, especificamente no Senado.
“Estarão em disputa 54 cadeiras. Eles [a extrema-direita] já têm da ordem de 20, e se fizerem mais 20 podem passar a ter uma maioria. Isso é muito perigoso porque no Senado você aprova ministro dos tribunais superiores, membros das agências, embaixadores no exterior; é lá que você, em tese, entraria com um processo, como eles vivem toda hora falando, de impeachment de ministro supremo. Então, se eles fazem uma maioria com esta lógica fanatizadora, nós podemos ter um problema grave.”, disse o líder.
