Recentemente, o mundo assistiu a uma apresentação, na tribuna da ONU, de um Brasil imaginário. Num discurso recheado de mentiras e distorções, o presidente brasileiro declarou que nenhum país tem uma agenda ambiental como a do Brasil. E não era nem 1º de abril. A verdade, como bem sabemos, é que, sob seu governo, somos um país que convive com recordes de desmatamento, queimadas, invasão de terras indígenas e de unidades de conservação, além de outros crimes.
É uma posição que nos isola ainda mais diante do mundo e nos faz sentir o gosto amargo de ver o Brasil se tornar irrelevante, um pária no cenário internacional. Enquanto os EUA apresentam sua agenda climática, a Europa fala em Pacto Ecológico e a China em Civilização Ecológica, o Brasil destaca-se pelo negacionismo e pela destruição. E o discurso do presidente só serviu para afastar ainda mais o país daquele lugar de destaque que sempre merecemos e ocupamos.
A vida no Brasil real, diferente do discurso na ONU, não anda nada fácil. Voltamos a conviver com a inflação e com a carestia. Os preços da energia elétrica, do botijão de gás e dos combustíveis não param de subir. Isso tudo por conta de um governo que apostou numa política econômica que dolarizou nossas vidas e não tem qualquer compromisso com as pessoas, especialmente com as mais pobres. O desemprego e o desalento atingem mais de 20 milhões de brasileiros. As famílias voltam a conviver com a fome. A insegurança alimentar afeta mais de 40% da população.
A situação é dramática e não há um projeto para o desenvolvimento. Isso é muito importante para entendermos que as coisas não acontecem por acaso. Quando a gente tinha um governo de verdade, que se comprometia com os brasileiros, nasceram programas como o Luz Para Todos, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Pronaf e tantos outros, formando uma rede social de proteção e levando prosperidade às famílias. Reajustávamos o salário mínimo sempre acima da inflação.
Hoje, todas essas conquistas foram anuladas. Retornamos ao mapa da fome e a desigualdade só cresce. Por isso que a nossa gente está sofrendo tanto. Cada vez que uma família vai ao supermercado ou à feira, traz menos comida para dentro de casa.
Os aumentos sucessivos no valor da conta de luz acontecem em razão da pior estiagem dos últimos 91 anos, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Estamos enfrentando uma crise hídrica que afeta os reservatórios das usinas hidrelétricas. O período de seca virou uma constante, muito em consequência da degradação ambiental. E o presidente, ao invés de cuidar e de proteger o Meio Ambiente, uma das nossas maiores riquezas, só faz tocar fogo. Ele afirma que dobrou recursos para órgãos ambientais, mas contratou um número bem menor que o prometido de brigadistas e fiscais para combater a alta da temporada de seca e do desmatamento. Aposta em deixar a boiada passar, em fazer tudo de qualquer jeito, sob a justificativa de que tudo vale para gerar emprego. E o pior: nem gera tanto emprego. Na verdade, o que querem é o lucro rápido e fácil, com madeira cortada ilegalmente, com incêndio feito ilegalmente.
Como se não bastasse essa condução desastrosa na pauta ambiental e essa política econômica incapaz de conter a inflação e a alta de preços, o País segue à deriva com quase 600 mil mortos pela Covid-19. Esses são os dramas reais da população agravados pelo desastre que é este governo, com um presidente incapaz de enxergar que o povo não precisa de armas, mas de saúde, de comida na mesa e de emprego para viver com dignidade.
Não há sociedade equilibrada se nós não equilibrarmos inclusão social com responsabilidade fiscal, desenvolvimento e crescimento. Tão importante quanto a meta de inflação é a meta de inclusão social. Nesse sentido, insisto sempre no argumento de que nenhuma democracia saudável convive com a exclusão e com a miséria. O estado de convulsão social que ganhou força na história recente da América Latina é uma reação natural da população contra a onda neoliberal que só serve para aprofundar desigualdades e aumentar a pobreza.
É lamentável ver o Brasil, que esteve entre as nações mais respeitadas do planeta, trilhar um caminho marcado por tantos retrocessos. Precisamos seguir na resistência, sempre de modo propositivo, lutando para preservar parte dessa rede social de proteção que construímos nos nossos governos, defendendo as empresas públicas, o Meio Ambiente, fazendo o que for preciso para proteger o povo brasileiro. É assim que voltaremos a trilhar um caminho de esperança e reconstrução, focados em fazer mais por quem mais precisa.