O senador Jaques Wagner (PT-BA) apresentou, nesta terça-feira (26), no plenário do Senado, voto de solidariedade aos povos de Moçambique, do Malauí e do Zimbábue, em virtude do ciclone tropical Idai. A catástrofe ocasionou a morte de pelo menos 1000 pessoas, afetou mais de 2,6 milhões de pessoas e deixou mais de 150 mil desabrigados. Diante desse cenário, ele lembrou que o governo brasileiro se limitou a anunciar o repasse de apenas 100 mil euros a Moçambique, por meio de fundo solidário ainda a ser criado.
“Essa relativa indiferença em relação a uma catástrofe de grandes proporções ocorrida no sudeste da África contrasta vivamente com o empenho demonstrado pelo atual governo ante o conflito interno venezuelano. Assim sendo, parece-nos imprescindível que o Senado da República, em atitude contrária ao do Poder Executivo, manifeste toda a sua solidariedade aos governos e aos povos de Moçambique, do Malauí e do Zimbábue”, destacou o senador.
Em seu discurso, ele lembrou que a tragédia pode ser ainda maior, segundo o ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural de Moçambique, Celso Correia. “Depoimento do ministro afirma que a água empoçada com a inundação tem disseminado várias doenças. Ele destacou que, mesmo com trabalho para mitigar possíveis surtos, é importante que todos tenham a consciência de que a população poderá ter cólera, malária e diarreias”, lembrou Wagner.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelo menos um milhão de crianças foram afetadas pelo ciclone, apenas em Moçambique. Os centros de acolhimento do país atendem no momento mais de 100 mil pessoas, entre idosos e grávidas. “Segundo o médico espanhol Luiz Lópes Rivero, que está em Moçambique, há áreas onde não há água potável nem eletricidade, há estradas interrompidas, os transportes não funcionam, as escolas estão fechadas, a comunicação é deficiente, o preço dos alimentos subiu 600% e os serviços de saúde estão paralisados”, alertou o senador.
Com a situação, Wagner reforçou que os países do sudeste da África estão precisando urgentemente de ajuda humanitária. Dentre os apoios já enviados, estão os de Cuba, que enviou centenas de médicos, e os de Angola, que enviou ambulâncias, veículos e helicópteros com o objetivo de facilitar o resgate. “A indiferença do Brasil demonstra bem o papel reduzido que o continente africano, com o qual temos laços históricos, demográficos e culturais profundos, terá na política externa de alinhamento a Trump, hoje praticada pelo governo brasileiro”, completou.