O Brasil acaba de celebrar a data da sua independência, que reforça a necessária reflexão sobre a importância da soberania nacional para sermos de fato livres. Está em curso um ataque ao conteúdo nacional, desmonte do nosso patrimônio e desnacionalização de nossas empresas, justificados por falsas polêmicas e por uma suposta austeridade para enfrentar a crise. Ocultam o incalculável valor das riquezas, bem como seu potencial estratégico para garantir autonomia ao país.
Anunciaram a intenção de privatizar nove empresas, como os Correios, estatal com mais de três séculos de história, superavitária e presente em todas as cidades brasileiras. É, em muitos casos, a única forma que milhões de pessoas têm para enviarem e receberem cartas, encomendas, pagarem suas contas e emitirem documentos. Também integra a lista a Telebras, que controla a rede de fibra ótica brasileira e o Satélite Geoestacionário de Defesa Estratégica, essenciais para nossa segurança, defesa nacional e também para a conectividade e inclusão digital. Ambas atendem ao interesse do país e não às regras de mercado. Se privadas fossem, não investiriam na entrega de encomendas nem na expansão da banda larga em pequenas cidades do interior, uma vez que esses serviços não são lucrativos.
Na educação, ciência e tecnologia, o governo trata como economia o corte de 11.800 bolsas de mestrado e doutorado. Também não há garantia de pagamento para 84 mil bolsistas que garantem a pesquisa e a produção científica nacional. A compulsão entreguista sobre a Amazônia compromete nossa biodiversidade, riquezas minerais e os direitos de povos indígenas, e só foi interrompida diante da pressão internacional.
São exemplos de o quanto a concepção política do governo é alinhamento acrítico aos interesses de outros países, especialmente os EUA, cuja bandeira já mereceu constrangedoras continências do presidente brasileiro, apesar de se dizer nacionalista. São as incoerências dessa era, na qual procuradores que se dizem cristãos comemoram o sofrimento de alguém que perdeu familiares. Resistir a esse projeto colonial e submisso é impedir a liquidação do patrimônio do povo brasileiro, do nosso conhecimento e da emancipação que só um país soberano pode ter e assim reivindicar-se verdadeiramente independente.
Artigo originalmente publicado no jornal O Povo