O senador Jean Paul Prates (PT-RN) criticou duramente o governo Bolsonaro, nessa quinta-feira, 22 de agosto, pela disposição em vender a Petrobras até 2022. Ao lembrar o suicídio de Getúlio Vargas, que ocorreu em 24 de agosto de 1954, o parlamentar cobrou uma posição das Forças Armadas e recordou o papel decisivo do Exército na criação da empresa e na formulação da política de energia desenhada no Brasil pelo Estado Maior ainda nos anos 30.
Ele destacou que Getúlio foi o presidente da República mais influente e popular do Brasil no século 20 e que sua morte marcou profundamente a história do país. “O gesto dramático – um tiro no peito – foi o último esforço para barrar a sanha golpista que varria o Brasil naquele período”, disse. “Sua morte mudou o curso da história do país e adiou o golpe por quase 10 anos”. Ao traçar um paralelo entre o legado de Getúlio e o momento presente que o país atravessa, Jean Paul disse que o país vive um retrocesso. “Vivemos o presente das queimadas, do desmatamento, da fome nas cidades e da violência nas ruas”, listou. “O presente das privatizações e da entrega do patrimônio público”.
O senador fez um diagnóstico da gravidade da crise atual. “O futuro que se avizinha com este governo é sombrio”, disse. “E isso ocorre, ironicamente, com o governo com o maior número de autoridades egressas das Forças Armadas e o próprio presidente da República é um capitão do Exército”. E lamentou: “Este mesmo Exército que foi vital para tirar a Petrobras do papel ainda nos anos 40 e transformá-la na maior empresa do Brasil e numa das mais importantes do mundo”.
Ironia da história
Segundo Jean Paul, o silêncio dos militares, do agronegócio e da indústria ante o desmanche da Petrobras é grave. “A amarga ironia dos nossos tempos é que os militares, defensores da criação da Petrobras e que lutaram – dentro e fora do governo e do Brasil – em defesa dos interesses nacionais, hoje estão calados quanto ao destino do país e da empresa”, ressaltou.
“Nos 65 anos da morte de Getúlio, o Brasil parece retroceder no tempo. Neste dia 24 de agosto, sábado próximo, o mais notório sucessor e herdeiro de Getúlio, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, hoje o mais influente político brasileiro no mundo, está preso injustamente, condenado sem provas e em um processo que, sabe-se agora, por conta das revelações da imprensa, repleto de ilegalidades, vícios e fraudes”, discursou. “Daí que é preciso denunciar os ataques à soberania e dizer que a solução para o país está numa cela. Lula está preso, mas não está morto. Muito menos sua sensibilidade e suas realizações”.
O parlamentar destacou a importância do papel de militares, inclusive dos generais que estimularam e defenderam, nos anos 30, 40, 50 e 70, a criação da estatal, acreditando na possibilidade de explorar petróleo no Brasil. “Difícil encarar o fato de que o Exército do General Horta Barbosa, do General Felicíssimo e do General Geisel, de tanto nacionalismo, esteja silente ante os desmandos e ataques à soberania nacional”, disse. Ele lembrou que, nos anos 30, ninguém acreditava que existia petróleo no país.
Ele destacou que, em setembro, será lançada a Frente em Defesa da Soberania Nacional. “A luta contra os desmandos nos obriga a nos mantermos alertas e firmes. Não percamos a esperança”, disse. “Como em outros momentos da nossa história, os democratas estarão mais uma vez reunidos”. Jean Paul saudou a iniciativa dos partidos, parlamentares, estudantes, trabalhadores, militantes sociais e representantes de entidades da sociedade civil em torno da “frente das frentes”.