Em discurso emocionante em que foi aplaudido de pé e aparteado por 26 colegas em Plenário, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) fez sua despedida do mandato nesta quarta-feira (21) traçando um balanço sobre sua trajetória política, os aprendizados nos quatro anos de mandato, as conquistas com a participação ativa em debates e soluções para o país e a resistência a um governo federal marcado por retrocessos, pelo negacionismo e pelo obscurantismo.
“O pacto democrático prevaleceu. Contornamos esse Cabo das Tormentas e já se acendem as possibilidades que cada novo dia nos oferece. Se hoje podemos celebrar esse novo amanhecer, é porque houve resistência, e tive a felicidade de estar entre os que resistiram. Como senador do Partido dos Trabalhadores, como líder da Minoria no Senado, lutei para preservar cada centímetro de terreno possível, cada trilha que nos permitisse voltar a essa caminhada”, afirmou Jean Paul.
O senador mencionou, com orgulho, votações fundamentais para que o país pudesse enfrentar a pandemia de Covid-19. “Tivemos que praticar um verdadeiro parlamentarismo por omissão, infelizmente devido à inércia e à insuficiência do governo em agir diante da pandemia e de suas funestas consequências, perfeitamente previsíveis por vezes”, lembrou. “Daqui tiveram que sair auxílios financeiros, programas de financiamento, medidas sanitárias, providências logísticas, prioridades vacinais e até mesmo a essencial e básica lei de uso de máscaras, que eu tive a incumbência triste, mas necessária, de relatar”, citou.
Para ele, a vitória da esperança, com Lula presidente, vai permitir que o Brasil seja reconstruído. “É verdade que temos muitas feridas a curar: a fome, que flagela tantos dos nossos compatriotas, o luto pelas vítimas da Covid, que mal tivemos o tempo de superar, o desalento geral pela perda da qualidade de vida, as fraturas cinzeladas pelo ódio. Mas é evidente que navegamos uma forte corrente novamente impulsionada pela esperança”, reforçou.
Dever cumprido
Prates destacou que encerra seu trabalho com o orgulho pelo dever cumprido. “Foram quatro anos de exaustivos e tensos trabalhos, mas que, em que pesem as adversidades trazidas pela Covid-19, só me agregaram experiências políticas e coletivas de inestimável valor. Mas tenham certeza de uma coisa: a luta continua. Não digo adeus, mas até logo. Voltarei sempre!”, afirmou, emocionado.
O parlamentar disse ainda que sempre defendeu potencial local de geração e distribuição de riqueza, da atração de investimentos, por meio do estabelecimento de marcos legais robustos e confiáveis, e do fortalecimento das políticas de ciência e tecnologia tendentes a agregar à nossa economia o valor necessário para romper os ciclos geracionais de imobilidade e pobreza.
“Ao mesmo tempo, nunca transigi na defesa incondicional do patrimônio construído pelo povo brasileiro. Lutei pela Eletrobrás, lutei pela Petrobras e por todas as ferramentas estratégicas para a promoção do nosso desenvolvimento, que representam um acúmulo de gerações, ameaçados de pilhagem, alienação desvalorizada em conjuntura inoportuna, sob urgências insustentáveis”, relatou.
Prates lembrou que, como líder da Minoria, buscou a conciliação com os demais parlamentares. “Nessa versátil e delicada função, vale mais a pena dispensar determinadas convicções dogmáticas, em prol de entendimentos mais amplos e pragmáticos, minimizando divergências por vezes obstrutoras de um projeto acima das legendas”, disse.
Meio ambiente
Segundo Jean Paul Prates, ao longo desses quatro anos, o PT empenhou todos os esforços na mitigação dos estragos patrocinados pelo governo Bolsonaro na política ambiental. “Em lugar de perversa destruição, a palavra-chave é sustentabilidade, a partir da qual se determina um amparo rigoroso ao patrimônio ecológico sem se descuidar de uma exploração economicamente viável. Nessa lógica, o PT não hesitou em apresentar projetos que dispusessem sobre medidas emergenciais de amparo a agricultores familiares visando à suavização dos impactos da seca e das enchentes. Apresentamos proposições sobre assistência social, políticas culturais, entre tantas áreas”, salientou.
O senador expressou também seu amor ao Rio Grande do Norte. “Enxerguei naquela terra primeiro um local de negócios, quando ainda era um consultor na área de Petróleo, há algumas décadas. Mas fui descobrindo coisas, fiz de lá meu lar, e seu povo de mim fez um irmão, um filho. Lá encontrei amor, minha esposa Muriele, e iniciei um novo capítulo, tão bonito, da minha vida, que, junto com meus filhos Rafael e Alice, sopra o vento que anima minhas velas. Meus pais não puderam ver seu filho ascender ao Senado da República, mas espero deixar aos meus filhos lições cotidianas de amor à democracia e compromisso cotidiano com seu aprimoramento”, pronunciou.
Além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que destacou as importantes atuações de Jean Paul nas negociações de projetos estruturantes como o Marco Legal das Ferrovias e sistema destinado a estabilizar o preço dos combustíveis, parabenizaram e elogiaram a atuação do senador outros 25 colegas de mandato: Paulo Rocha (PA), líder do PT no Senado, Paulo Paim (PT-RS), Rogério Carvalho (PT-SE), Zenaide Maia (PSD-RN), Omar Aziz (PSD-AM), Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Esperidião Amin (PP-SC), Jorge Kajuru (Podemos-GO), Styvenson Valentim ( Podemos-RN), Carlos Portinho (PL-RJ), Confúcio Moura (MDB-RO), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Chico Rodrigues (União-RR), Eduardo Girão (Podemos-CE), Nilda Gondim (MDB-PB), Leila Barros (PDT-DF), Jayme Campos (União-MT), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Rose de Freitas ( MDB-ES), Izalci Lucas (PSDB-DF), Soraya Thronicke (União-MS), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Carlos Viana (PL-MG).
(Com assessoria do senador Jean Paul Prates)