O senador Jean Paul Prates (PT-RN) se opõe à ideia do governo Bolsonaro de promover a fusão do Banco do Nordeste ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A equipe econômica avalia a medida para otimizar recursos e investimentos, conforme anunciou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em entrevista, Jean Paul diz que a medida é péssima para o Nordeste e não terá impacto econômico para o governo.
“A fusão das duas instituições financeiras não agrega nada em termos de custo. O BNB é um órgão autônomo, com baixo custo operacional”, explica Jean Paul, que é economista e advogado. “Suponho que a ideia tenha partido de gente que não conhece a realidade do Nordeste”. De acordo com o senador, o BNDES é um banco extremamente importante, mas que não tem a expertise necessária para operar financiamentos condizentes com a realidade do Nordeste.
“O Banco do Nordeste do Brasil é extremamente eficiente e precisa ser defendido. Ainda que fosse um elefante branco, um órgão que servisse de cabide de emprego… Mas isso absolutamente não é um fato e nem condiz com a realidade do país neste século 21”, defende o parlamentar.
A possibilidade de fusão entre as duas instituições de fomento é defendida por integrantes da área econômica, mas sua viabilidade é considerada difícil. A aprovação pelo Congresso Nacional exigiria alteração constitucional, com votação em dois turnos nas duas casas legislativas. Há uma avaliação técnica dentro do governo de que tanto o BNB quanto o Banco da Amazônia (Basa) não deveriam “competir” com o BNDES, já que os dois bancos federais usam como fonte recursos dos fundos oficiais da Sudam e Sudene, sem necessidade de remuneração.
A questão política já despertou a ira de líderes políticos da região. A bancada nordestina no Congresso tem força para impedir a fusão dos dois bancos. O Nordeste tem nove estados, representados por 151 deputados federais e 27 senadores. Atualmente, o BNB tem em seus quadros 7.214 servidores, que têm compromisso com o desenvolvimento econômico e social da região.
Um dos papéis do BNB é garantir microcrédito a pequenos empreendedores da região. Desde os tempos do governo Lula, o banco passou a deter know how e é hoje uma das instituições financeiras com mais experiência da América Latina em microcrédito, com mais de 4 milhões de pessoas beneficiadas.