Para senador, reforma eleitoral tímida enfraquece |
A proposta tímida de mudanças na lei eleitoral enfraquece a democracia e mantém a possibilidade de criação de partidos políticos que atendem a interesses bem menos nobres que os democráticos. Essa foi a base do pronunciamento do senador Jorge Viana (PT-AC) que, usou uma imagem já sugerida pelo senador Humberto Costa (PT-PE), na última quinta-feira (26), o futebol, para criticar a corrida pelo troca-troca partidário.
“Nós temos, no futebol, as janelas de troca de time. Agora, nós estamos vivendo a vergonha da janela de transferência de partido. Então, está um corre-corre. Não sei se a ausência (de parlamentares no plenário) hoje e nesta semana foi em decorrência disso, mas o certo é que os políticos estão entrando pelas madrugadas, noite adentro, fazendo os acertos. É um vai e volta danado”, criticou.
Citando reportagem veiculada, nesta sexta-feira (27), por uma rádio, Viana criticou o fato de que existem, atualmente, 30 partidos políticos no Brasil. “Além de ser vergonhoso, virou piada essa janela de troca-troca de partidos. Se ela fosse apenas à busca de alguém se firmar, de encontrar um grupamento partidário que lhe desse uma melhor condição de trabalhar, de implementar projeto, isso seria parte do jogo democrático. Mas será que nesses 30 (partidos) não há nenhum com que você tenha alguma identidade para que se filiar?”, questionou.
Lembrando que o Fundo Partidário repassa R$350 milhões de recursos do contribuinte, o senador questionou o porquê dessa crise de representação na democracia brasileira e disse acreditar na tese de que a pulverização, ao invés de fortalecer, está enfraquecendo a democracia brasileira.
“Quantas vezes propusemos aqui projetos que pudessem acabar com o poderio econômico no processo eleitoral? Nada foi votado, nem mesmo agora. Essas medidas tímidas que foram votadas, me parece que, agora, não serão aprovadas pela Câmara dos Deputados, queixou-se.
Ele previu que as novas eleições podem se tornar sinônimo de corrupção, “porque os candidatos já vão entrar suspeitos, porque tem uma presença e um poderio econômico tão forte nas eleições, que elas vão, certamente, ser judiciadas”, previu, ressaltando que ainda hoje, prefeitos eleitos estão sendo afastados de seus cargos por conta de denúncias referentes a campanhas eleitorais.
“As eleições, no Brasil, não acabam, elas estão num processo permanente, e o voto fica fragilizado nesse processo todo, fica sem valor”, enfatizou, ressalvando, porém, que as críticas não são dirigidas à atividade política, “desde que ela seja exercida com ética, com honestidade”.
Giselle Chassot
Foto: Agência Senado
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