Ao comentar e solidarizar-se com as famílias das 50 pessoas assassinadas nos Estados Unidos no último final de semana, o senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado, disse que é lamentável que o Brasil esteja sob a ameaça de ver aprovada pela Câmara proposta que flexibiliza o Estatuto do Desarmamento brasileiro. Viana observou que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi o autor do referendo onde os brasileiros decidiram desarmar o País, isto em 1998. “Hoje nós temos a bancada da bala na Câmara e isso não é possível. Estou vindo aqui pedir apoio da sociedade, para que denunciemos isso, para que esse projeto não possa tramitar mais na Câmara”, afirmou.
Para o senador, após o atentado dos Estados Unidos, deve-se discutir qual modelo de sociedade o Brasil pretende ter. “Só no nosso País tivemos 800 mil mortos por arma de fogo, de 1980 até 2012. Só com armas de fogo, são 42 mil mortos por ano. O Brasil é o país número 75 do ponto de vista da relação do número de armas por habitante. Os Estados Unidos são o primeiro e tem 85 armas para cada 100 mil habitantes”, explicou.
E a bancada da bala no Congresso Nacional procura rever a política para facilitar o porte e o acesso de uma pessoa a uma arma como o AR-15, e que possa com essa arma circular livremente. “Não sei onde vamos parar quando a vida não tem valor nenhum em nosso País”, disse Viana.
Ao cumprimentar o senador petista, Renan Calheiros garantiu que essa proposta da Câmara – Projeto de Lei da Câmara nº 3.722, de 2012 – não tem absolutamente nenhuma possibilidade de prosperar no Senado, pela contradição que significa em um momento como o atual, de muita dificuldade, numa sociedade caracterizada pela necessidade de convívio, com ódios, fanatismos, grupos.
“Nós não podemos agir contraditoriamente com o que aqui se discute e se debate. E, mais uma vez, nós vimos, nos Estados Unidos, o mal que a sociedade armada significa. De modo que quero cumprimenta-lo e eu peço aqui a todos os colegas que fiquemos atentos, que não se possa permitir que o projeto prospere”, disse Renan se dirigindo a Viana.