O senador Jorge Viana (PT-AC) denunciou o Palácio do Planalto, em discurso no plenário do Senado Federal, pela compra de apoio de deputados para enterrar a abertura de processo de investigação por crime de corrupção contra o presidente Michel Temer. “O que mais choca a opinião pública hoje é o custo dessa votação. O resultado da não aceitação desse processo contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara custou, segundo a imprensa, R$15 bilhões”, lembrou. “Qual o custo dessa votação de hoje, na Câmara dos Deputados. Quantos bilhões? Tudo isso na hora em que o país vive as mazelas do golpe”.
O senador disse que a solução para crise política é a aposta na boa política. “Só há uma saída na democracia, é nós tirarmos a política fisiológica, corrompida, que desrespeita a opinião pública e colocarmos no lugar a boa política, com pessoas decentes, pessoas que trabalhem pelo bem comum, pessoas que tenham ética para uma atividade tão importante, que é a atividade política na democracia representativa”, discursou.
Viana comparou a votação da denúncia de corrupção contra Temer com aquela realizada em abril do ano passado, durante a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Essa sessão vai entrar na página triste da história do Parlamento brasileiro, porque as informações da imprensa, das redes sociais, é de que estão comprando voto no plenário da Câmara dos Deputados”, lamentou.
Ele avalia que o Brasil só está aguentando a crise porque é um país gigante, mas o povo brasileiro é quem está pagando a conta, desde que Dilma deixou o governo. “Em abril do ano passado, a Câmara fez a sua mais vexatória sessão, um espetáculo deprimente, aceitando o pedido de impeachment contra a presidente Dilma sem crime de responsabilidade”, lamentou. “Passou-se aí um ano, mais alguns meses, e o que aconteceu com o Brasil e com a vida dos brasileiros? A situação só piorou, o Brasil ficou muito pior”.
O senador citou que, na economia, o governo, se não mentiu, omitiu os números do déficit público. “Anunciou que cumpriria, honraria um déficit público para este ano de R$ 129 bilhões e agora já está dado como certo que o déficit vai passar para R$ 159 bilhões”, ressaltou Viana. “Este é o resultado do golpe, de um impeachment sem crime de responsabilidade, o resultado de se chegar à Presidência da República sem passar pelas urnas”.
Da tribuna, Jorge Viana comentou que nunca o país teve um governo tão impopular no Brasil, que tenta se manter graças à base de apoio na Câmara e no Senado. Ele advertiu que a situação não será a mesma nas urnas, em 2018. “Com a proximidade das eleições, as pesquisas divulgadas deixam bem claro que os políticos e os partidos que estão servindo de boia para este governo, que cada dia afunda mais, vão pagar um preço muito alto nas eleições do próximo ano”, destacou.
O senador advertiu para o perigo da classe política continuar desdenhando da sociedade. “A opinião pública não é para ser temida, a opinião pública é para ser respeitada”, disse. “Hoje, a opinião pública brasileira – eu acho – já não aguenta mais os desmandos políticos. Essa política da perversidade, corrompida, essa política que está afundando o Brasil é liderada hoje pelo governo, que fez do impeachment um golpe, que desrespeitou os votos”.
Ele fez um apelo ao eleitor para que aproveite a indignação para mudar a política. “Eu dou toda a razão às pessoas que estão indignadas com este momento na vida nacional, com a maneira como a política está sendo conduzida, com a maneira com que o Brasil está sendo liderado – ou desgovernado – hoje”, disse. “O problema é que nós precisamos canalizar essa indignação para o bem comum, para o nosso país, para a boa política, para que possamos pacificar um país que hoje está desgraçadamente dividido”.
VOX
Ainda da tribuna, Jorge Viana comentou os resultados da pesquisa de opinião pública encomendada pela TV Gazeta ao instituto Vox Populi. “Nessa confusão em que o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo estão passando por dificuldades, o governador Tião Viana consegue ter o seu trabalho, no pior momento da vida nacional, bem avaliado e aprovado pela opinião pública”, disse. “Isso mostra que, trabalhando com honestidade e com dedicação, como faz o governador, o reconhecimento da opinião pública vem”.
Ele lembrou que quatro pré-candidatos do PT a governo do Estado pontuaram bem na pesquisa. A vice-governadora Nazareth Araújo, o secretário de Segurança EmYlson Farias, o deputado estadual Daniel Zen e o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, ficaram bem posicionados no levantamento da Vox. “Marcus Alexandre se destaca na pesquisa, mas eu acho que os nossos outros três nomes também estão muito bem avaliados, porque são pessoas que nunca tinham sido lembradas para o governo”, comemorou. “Estar à frente nas pesquisas não significa muita coisa – pesquisa é uma radiografia –, mas, para mim, conta muito, estimula para seguir trabalhando aqui, no Senado, intensamente, como procuro fazer”.