O senador Jorge Viana (PT-AC) denunciou na manhã desta terça-feira, 26 de setembro, a decisão do governo Temer de vender ativos da Eletrobras. Durante audiência pública com o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho, na Comissão de Infraestrutura do Senado, o parlamentar acreano lembrou que o PMDB administra a pasta desde 2008 e que a venda da empresa é um erro estratégico que comprometerá o futuro do país. “Se tivéssemos um pior momento da história para vender parte do patrimônio público – o que fosse da Eletrobras –, seria este”, lamentou.
Viana lembrou que em muitos países, a questão energética é considerada prioridade e nem mesmo a pátria do capitalismo, os Estados Unidos, jamais abriu mão do controle estatal do setor. “Canadá, França e Estados Unidos mantêm o controle estatal sobre a energia porque é estratégico”, ressaltou. “No Canadá, o governo está colocando barreiras para impedir a entrada do capital chinês justamente nessa área, porque é estratégica para eles. E o que o Brasil está fazendo? Se abrindo para a entrada do capital chinês. Vamos colocar o setor de energia na mão de estatais – de estatais!!! – estrangeiras”, denunciou.
[blockquote align=”none” author=”Senador Jorge Viana (PT-AC)”]“A única referência que este governo tem é o tal de mercado. É ele que manda em tudo e que é dono daquela banquinha que o Moreira Franco põe toda semana para anunciar a venda do país. Aquela banquinha atende ao mercado. Toda semana tem algum patrimônio brasileiro sendo vendido”[/blockquote]
O senador destacou que, 2010, a Eletrobras tinha seu patrimônio avaliado em mais de R$ 50 bilhões. “Virou moda neste país falar mal do governo. Tudo que tem governo no meio não presta. Está amaldiçoado! É perigoso fazer isso”, advertiu. “A única referência que este governo tem é o tal de mercado. É ele que manda em tudo e que é dono daquela banquinha que o Moreira Franco põe toda semana para anunciar a venda do país. Aquela banquinha atende ao mercado. Toda semana tem algum patrimônio brasileiro sendo vendido”.
Viana lembrou que o ministro Fernando Coelho, que anunciou a pretensão de ingressar no PMDB, pasta que administra o Ministério das Minas e Energia desde 2008. “O partido mandou nessa pasta, com porteira fechada, por nove anos, desfrutando de amplos poderes e, obviamente, também na Eletrobras e suas subsidiárias”, disse o senador, lembrando que isso era fruto do governo de coalizão comandado primeiro por Luiz Inácio Lula da Silva e, depois, por Dilma Rousseff. “Agora, vem uma explanação que parece que foi uma maldição os últimos anos de gestão da Eletrobras e do ministério. Eu discordo. Sei que o ministro Eduardo Braga teve dificuldades”, comentou.
O parlamentar ressaltou que, em 2016, a Eletrobras deu lucro de R$ 3,4 bilhões. “No governo do presidente Lula, a empresa deu lucro – uma média de R$ 2 bilhões por ano”, comentou Viana. “Aí, temos uma crise política e econômica, uma crise sazonal, e vamos entregar o patrimônio público? Foram investidos R$ 400 bilhões na Eletrobras em toda a sua história. E aí vamos vender por R$ 20 bilhões? Se fizermos isso, não vai ter mais volta”, advertou.
O senador disse que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está equivocado ao dar prioridade à venda de empresas estatais e ativos públicos. Viana disse que o ministro é o “mentor intelectual” da tragédia que o Brasil está vivendo. “Ele não entregou a mercadoria de fazer o país voltar a crescer. A única mercadoria que está entregando é o patrimônio brasileiro”, criticou.