Zelada repetiu que a cláusula de opção de compra é normal pela natureza do negócio, garantindo a um dos sócios a primazia de assumir o controle da outra parte antes que eventual concorrente possa fazer isso. Como o contrato previa um comitê de proprietários entre a Petrobras e a sócia Astra Oil na refinaria de Pasadena, destinado a mediar eventuais conflitos na relação dos dois sócios, o ex-diretor contou que em meados de 2008 esse comitê foi acionado justamente para solucionar um conflito de interesses. Nesse caso, o interesse da Petrobras era investir na planta da refinaria, só que a Astra não quis seguir esse caminho. E a Petrobras também decidiu que não compraria os outros 50% da sociedade. Na reunião convocada por esse comitê, porém, nenhum representante da Astra compareceu.
A partir daí, abria-se o caminho para esse negócio tomar outros contornos, ou seja, um litígio judicial e também na câmara arbitral dos Estados Unidos, solução que chegou ao fim em 2012, quando finalmente a Petrobras adquiriu os 50% da refinaria e da trading que comercializa derivados de petróleo no mercado Premium dos Estados Unidos.
Zelada lembrou que a Petrobras foi obrigada a assumir gradativamente algumas operações que eram desempenhadas pela Astra Oil e que, naquela ocasião, isso significou uma preocupação adicional porque era a sócia quem administrava a comercializadora de derivados de petróleo.
O ex-diretor da área internacional também falou sobre um contrato de serviço destinado a segurança ambiental nas refinarias. A decisão de implantar esse projeto tinha semelhança à estratégia adotada quando a Petrobras teve de atuar para reduzir e zerar o dano ambiental causado por um vazamento de petróleo na baia de Guanabara, em 2000. Os valores pagos correspondiam ao volume de serviço executado. “Na nossa gestão, instituímos a análise crítica com todos os executivos em torno dos ativos no exterior. Nós tínhamos uma reunião trimestral de gestão onde discutíamos a correção de rumo, previsibilidade de produção. Em 2009, o tema era segurança ambiental. Conseguimos sair de um resultado negativo de US$ 500 milhões em 2008 para chegar em 2012 com um resultado positivo de US$ 2,2 bilhões. Hoje o trabalho de segurança ambiental é referência mundial”, afirmou.
Marcello Antunes