Jorge Zelada depõe na CPMI. Mais uma vez, oposição sai frustrada

Zelada: área de segurança ambiental da Petrobras é referência mundialPela segunda vez, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, prestou depoimento à comissão parlamentar de inquérito para falar sobre a compra da refinaria Pasadena nos Estados Unidos, ocorrida em 2005. Como ocorreu no dia 29 de maio quando foi ouvido pela CPI exclusiva do Senado, Zelada repetiu hoje na comissão mista que a compra não foi um péssimo negócio para a Petrobras, como a mídia vem tentando imprimir e a oposição reproduz, e que as cláusulas contidas no contrato – de opção de compra (put option) e marlim – não representavam o ponto central do negócio. Zelada respondeu a todas as perguntas formuladas por deputados da oposição, mas eles ficaram frustrados porque tinham a expectativa de que o depoimento pudesse conter algum fato relevante para ser usado politicamente na campanha eleitoral. Até a imprensa ficou frustrada.

Jorge Zelada depõe na CPMI. Mais uma vez, oposição sai frustrada

Zelada repetiu que a cláusula de opção de compra é normal pela natureza do negócio, garantindo a um dos sócios a primazia de assumir o controle da outra parte antes que eventual concorrente possa fazer isso. Como o contrato previa um comitê de proprietários entre a Petrobras e a sócia Astra Oil na refinaria de Pasadena, destinado a mediar eventuais conflitos na relação dos dois sócios, o ex-diretor contou que em meados de 2008 esse comitê foi acionado justamente para solucionar um conflito de interesses. Nesse caso, o interesse da Petrobras era investir na planta da refinaria, só que a Astra não quis seguir esse caminho. E a Petrobras também decidiu que não compraria os outros 50% da sociedade. Na reunião convocada por esse comitê, porém, nenhum representante da Astra compareceu.

A partir daí, abria-se o caminho para esse negócio tomar outros contornos, ou seja, um litígio judicial e também na câmara arbitral dos Estados Unidos, solução que chegou ao fim em 2012, quando finalmente a Petrobras adquiriu os 50% da refinaria e da trading que comercializa derivados de petróleo no mercado Premium dos Estados Unidos.

Zelada lembrou que a Petrobras foi obrigada a assumir gradativamente algumas operações que eram desempenhadas pela Astra Oil e que, naquela ocasião, isso significou uma preocupação adicional porque era a sócia quem administrava a comercializadora de derivados de petróleo.

O ex-diretor da área internacional também falou sobre um contrato de serviço destinado a segurança ambiental nas refinarias. A decisão de implantar esse projeto tinha semelhança à estratégia adotada quando a Petrobras teve de atuar para reduzir e zerar o dano ambiental causado por um vazamento de petróleo na baia de Guanabara, em 2000. Os valores pagos correspondiam ao volume de serviço executado. “Na nossa gestão, instituímos a análise crítica com todos os executivos em torno dos ativos no exterior. Nós tínhamos uma reunião trimestral de gestão onde discutíamos a correção de rumo, previsibilidade de produção. Em 2009, o tema era segurança ambiental. Conseguimos sair de um resultado negativo de US$ 500 milhões em 2008 para chegar em 2012 com um resultado positivo de US$ 2,2 bilhões. Hoje o trabalho de segurança ambiental é referência mundial”, afirmou.

Marcello Antunes

To top