Em nota, o ex-ministro repudiou com veemência as declarações a seu respeito atribuídas a Alberto Yousseff. Mas mesmo assim, o que prevaleceu para jornais como Folha de S. Paulo ou O Estado de S. Paulo foi a versão que melhor lhe cabia, a do doleiro obviamente. Com isso, levou para as primeiras páginas, em letras garrafais, os títulos “Dirceu e Vaccari eram indicados para receber propina pelo PT, diz doleiro”, no Estadão e “Dirceu sabia de propina paga ao PT, afirma doleiro”.
Outra nota à imprensa, desta vez assinada por advogadas do empresário Júlio Camargo, que também é colaborador da Justiça com base no instituto da delação premiada, joga por terra a tese incriminatória e condenatória dos barões da mídia paulista. “As afirmações lançadas pelo colaborador Alberto Youssef são temerárias porque são absolutamente inverídicas. Não há a indicação de um elemento de prova, sequer indiciária, acerca dos fatos mentirosos ali narrados. A alusão a um certo “pen drive” não passa de criação do colaborador em questão”.
A nota continua: “Já quanto à ilusória e absurda conclusão de que o Sr. Julio Camargo tenha uma relação “muito boa” com o Sr. José Dirceu, apenas porque este teria viajado em avião de sua propriedade, deve ser esclarecido que a aeronave em questão, qualificada como taxi aéreo, era deixada sob a administração da TAM, a qual tem o dever de cuidar da manutenção, hangaragem e afretamento da mesma. Isso significa que, ao haver interessados no afretamento da aeronave, a TAM apenas pergunta ao proprietário se utilizará o avião naquele período ou não. A responsabilidade é inteiramente da TAM, inclusive quanto ao recebimento dos valores pelo afretamento. Tudo o que havia a ser esclarecido e informado às Autoridades sobre os fatos investigados na denominada “Operação Lava Jato” fora feito nos termos de declarações em colaboração, conforme já citado, não havendo nenhuma pendência por parte do Sr. Julio Gerin de Almeida Camargo, seja pela entrega de documentos, seja por informações adicionais”.
O que mais chama atenção na cobertura da Operação Lava-Jato não é apenas a tentativa de incriminar o PT, seus integrantes ou achar algum caminho que possa atingir a presidenta Dilma Rousseff, para, finalmente, dar vazão ao grito de impeachment que está contido no peito dos barões da mídia e da direita que se esconde abraçada a alguns próceres neoliberais.
A imprensa que é desmentida por quem contribui para as investigações é a mesma que omite qualquer informação possível que possa macular a imagem de pureza de alguns tucanos. Nesta semana, por exemplo, o fato é que com muita timidez os jornais – e a TV Globo junto – foram obrigadas a lembrar que a corrupção na Petrobras começou em 1990, na era neoliberal de FHC. A imprensa também fechou – e fecha – os olhos para alguns tucanos que também estariam em citações da Lava-Jato.
Quer um exemplo?
O site Brasil 247 traz um caso rumoroso que denota como está sendo conduzida a investigação. O juiz Sergio Moro, premiado pela TV Globo, citou a empresa Cemig – até 31 de dezembro de 2014 um joia da coroa tucana em Minas Gerais – num inquérito policial (5045104-39.2014.404.7000) que investiga uma comissão de R$ 4,6 milhões paga pelo empresário Pedro Paulo Leoni Ramos ao doleiro Alberto Yousseff na venda de pequenas centrais hidrelétricas à Light.
E o que disse, em seu despacho, o juiz Moro: “trata-se de negócio que, embora suspeito, não estaria relacionado aos desvios da Petrobras”. O site Brasil 247, então, indaga: “na Cemig pode”.
De acordo com o site, na última quarta-feira o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado, entregou à Procuradoria-Geral da República um pedido para que o Ministério Público investigue casos de corrupção na era FHC. Sibá entende, assim como outros parlamentares petistas, que há um desavergonhado direcionamento político nas investigações, com o objetivo primeiro de atingir o PT e o governo da presidenta Dilma Rousseff.
Com informações do site Brasil247