Os juros altos promovidos pela política bolsonarista do Banco Central (Bacen), presidida por Roberto Campos Neto, atacam sem dó e nem piedade agora o setor automotivo. Os rastros de destruição são sentidos agora na Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo (SP): a empresa divulgou nota anunciando que cortará a produção de dois turnos pela metade devido aos juros criminosos de 13,75% praticados pelo Bacen. O mesmo caminho foi tomado pela Scania, com sede na mesma cidade, no fim de março.
Os rastros de destruição da gestão anterior já haviam promovido o fechamento de inúmeras fábricas pelo país, quando o Brasil sofria ainda com a condução da política econômica promovida por Paulo Guedes. A política de desindustrialização promovida pelo ex-ministro da Economia piorou ainda mais o cenário do mercado brasileiro, que estava em retração devido ao desabastecimento global de semicondutores.
O “término do serviço” coube aos juros reais mais altos do mundo, entregues por Campos neto. A taxa praticada no mercado bateu 28,71% em dezembro de 2022, segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).
“No decorrer do primeiro trimestre, em razão de juros elevados e de dificuldades na concessão de financiamentos, observou-se uma demanda ainda menor do que a esperada para este ano”, explica o comunicado da Mercedes-Benz.
“Conforme informado, a Scania está ajustando o seu ritmo de produção à demanda de mercado”, antecipou-se a outra montadora, em nota divulgada na semana passada. A Scania tinha cerca de 200 funcionários trabalhando no segundo turno de produção.
Férias coletivas
Além da redução para um turno, cortes nas semanas de trabalho estão sendo programados pela Mercedes. Desde o dia 3 de abril, parcela dos empregados de São Bernardo e Juiz de Fora está em férias coletivas, programadas para durar até 2 de maio.