Taxa extorsiva

Juros: deputados de 9 partidos pedem que Senado investigue sabotagem do BC

Documento requisita que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, abra apuração sobre a atuação do bolsonarista Roberto Campos Neto à frente do Banco Central
Juros: deputados de 9 partidos pedem que Senado investigue sabotagem do BC

Parlamentares concedem entrevista coletiva após entrega de documento ao presidente do Senado. Foto: Alessandro Dantas

Um grupo de deputados federais de nove partidos, incluindo o PT, encaminhou nesta quarta-feira (5/7) ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que a Casa Legislativa investigue a política adotada pelo Banco Central sob o comando de Roberto Campos Neto, de manter, sem explicação convincente, a taxa básica de juros a 13,75%, prejudicando a retomada da economia brasileira.

Assinam o documento (acesse aqui) a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, além dos presidentes de PCdoB, PV, PSol, PSB e Rede, assim como deputados desses seis partidos mais PDT, MDB e PSD. O grupo se reuniu com Pacheco no fim da tarde.

O pedido é para que o Senado, conforme previsto na lei que deu autonomia ao Banco Central, apure “a possível motivação viciada e vício de finalidade” na manutenção da taxa de juros em 13,75% e também “eventuais responsabilidades” de Campos Neto “no que se refere à demora e ao não cumprimento adequado e tempestivo do controle da inflação, do emprego e desenvolvimento econômico e social”. 

INFORME-SE: Assista aqui à série que explica como o bolsonarista Roberto Campos Neto sabota a economia brasileira

Os parlamentares afirmam que o comunicado do BC do último dia 21, no qual informa a decisão de não alterar a taxa de juros surpreendeu negativamente entidades do mercado financeiro, agentes políticos e toda a sociedade civil. 

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O texto segue argumentando que a taxa de 13,75% inviabiliza a aquisição de imóveis para milhares de famílias, força uma queda da atividade econômica e preocupa entidades industriais, entre outras consequências, indo na contramão de medidas adotadas em outros países.

“As justificativas apresentadas para tal manutenção atrelam-se a uma conservadora política econômica que ignora as favoráveis quedas inflacionárias dos últimos meses, bem como omite-se do efeito negativo da alta taxa de juros, impondo uma desaceleração da economia e manutenção da retração da atividade empresarial, criação de empregos e qualidade de vida dos brasileiros”, escreve o grupo.

Encontro com Rodrigo Pacheco

Líderes de diversos partidos, juntamente com o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato, o líder do Governo no Senado, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e o senador Humberto Costa (PT-PE) estiveram Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, para entregá-lo o documento e cobrar providências por parte da casa legislativa com relação a conduta do presidente do Banco Central.

Parlamentares cobram posição do Senado Federal acerca da política monetária liderada por Roberto Campos Neto. Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara

“Tivemos uma reunião com o presidente do Senado e pedimos uma investigação sobre a política monetária do Banco Central. Não há razões para a Selic continuar em 13,75%. A quem interessa os juros altos? Campos Neto precisa se explicar”, cobra o líder do PT no Senado.

A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta do partido, lembra que o Senado Federal é corresponsável pela conduta adotada pelo presidente do Banco Central ao afiançar sua ida para a presidência do órgão mediante sabatina.

“É uma obrigação do Senado fiscalizar as ações do Banco Central. E a política monetária atual está viciada. A taxa de juros em 13,75% é um erro que traz impactos ruins para a economia brasileira”, diz a deputada.

Já o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), presidente da Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, disse que o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, vai avaliar com as lideranças partidárias a possibilidade de realização de sessão de debates no plenário para tratar com Roberto Campos Neto a política adotada pelo BC.

“Saímos satisfeitos com a reunião com o presidente do Senado”, resumiu.

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