A política de “pena de morte” econômica, como classificou recentemente o Nobel de economia Joseph Stiglitz, referindo-se aos juros no Brasil, continua a penalizar o crescimento do país. Um dos sintomas desta doença terminal provocada pelo Banco Central e sua Selic de 13,75% é a asfixia da atividade das empresas e da renda das famílias. O acesso ao crédito para empresas, por exemplo, ficou ainda mais escasso em fevereiro, em comparação ao mês anterior. A queda nas concessões de crédito para empresas foi de 8,3%. Em janeiro, a retração foi de 5,6%.
A taxa média de juros cobrados pelos bancos bateu recorde no mês passado, com um índice de a 44,23% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2017. Naquele ano, o índice bateu os 45,59%. O resultado é uma desaceleração da atividade econômica, que pode se agravar nos próximos meses, caso o Banco Central decida manter as taxas de juros nas alturas.
Na avaliação da economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Izis Ferreira, o atual índice do BC inibe o investimento por parte das empresas, que vêm reduzindo cada vez mais sua capacidade de expansão.
“Esse movimento tem a ver com a alta de juros, com a dificuldade que essas empresas estão encontrando para se financiar e com a dificuldade para operar”, atestou Ferreira, em depoimento à Folha de S. Paulo. “Quando o empresário vai negociar prazos com fornecedor, com credor, está mais difícil de conseguir prazos e, quando ele consegue, consegue a um custo muito maior”, explicou.
A situação agrava inclusive o endividamento dessas empresas, às voltas com taxas juros cada vez mais agressivas e hostis ao crédito. “Está mais difícil renegociar dívidas, as dívidas aumentaram de valor. Quando você está falando de uma dívida pós-fixada, quanto maior forem os juros, pior,” concluiu.