Juros no microcrédito caem de 60% para 8% ao ano

Meta do programa Crescer é beneficiar 3,4 milhões de microempreendedores e microempresários, que terão consultoria para os negócios

O Crescer – Programa Nacional de Microcrédito – terá uma carteira ativa de R$ 3 bilhões para apoiar 3,4 milhões de microempreendedores e microempresários até o final de 2013. Os empréstimos poderão ser de até R$ 15 mil com juros que serão reduzidos dos atuais 60% ao ano para 8% ao ano. A Taxa de Abertura de Crédito (TAC) também sofreu redução, passando de 3% para 1% sobre o valor do crédito. A expansão do programa, criado em 2005, foi anunciada pelo governo federal nesta quarta-feira (24).

Além dos recursos, os bancos oferecerão consultoria aos empreendedores para que os negócios prosperem. De acordo com a comerciante Isabel Cândido, de Fortaleza (CE), as informações para aprender a administrar e ampliar vendas foi mais importante do que o crédito para que ela passasse de uma vendedora informal a microempresária.

“Meu primeiro empréstimo foi de R$ 250 para eu manter um estoque de cosméticos”, conta a ex-cobradora de ônibus, que, quando começou a contratar o microcrédito sofreu um acidente que a obrigou a deixar o trabalho. “Eu trabalho desde os 17 anos e não desanimei por causa do Crediamigo”, diz. Isabel é cliente do Crediamigo, do Banco do Nordeste, que será o modelo para a nova fase do programa. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrou que 60,8% dos empreendedores financiados pelo Crediamigo romperam a linha de pobreza após um ano de apoio, por isso, o Crescer foi incorporado como uma das estratégias do Plano Brasil Sem Miséria.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avalia que o microcrédito será fundamental para expandir o acesso ao sistema financeiro, que tem crescido de 84 milhões de brasileiros com conta em banco em 2005 para os atuais 118 milhões. “O volume de crédito é pequeno, mas vem acompanhado de assistência técnica”, explica. Para Mantega, esse tipo de incentivo poderá reduzir a informalidade e redistribuir renda. O prazo do crédito será de seis meses para capital de giro e 24 meses para investimentos.

Crescer – O programa continua direcionado a empreendedores informais (Pessoas Físicas), individuais (EI), e microempresas com faturamento de até R$ 120 mil anuais, mas será mais direcionado à produção e não ao consumo, como hoje. Os bancos públicos serão os primeiros operadores, mas há a possibilidade de o setor privado passar a atuar mais fortemente neste mercado.

O fundo para o microcrédito permanece o mesmo: 2% sobre os depósitos à vista, que os bancos têm de depositar no Banco Central. Hoje, a soma total é de R$ 157 bilhões o que destina ao microcrédito R$ 3,15 bilhões. A maior parte do sistema privado não opera com a modalidade. O BNB, por exemplo, amplia seu fundo comprando parte deste volume não usado pelos bancos privados.

O Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia (Basa) receberão apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para gerir o microcrédito nos mesmos moldes do Crediamigo. A inadimplência na linha operada pelo BNB é uma das mais baixas do mercado financeiro, em torno de 0,9%. Cerca de 65% dos clientes do Crediamigo são mulheres.

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Fonte: SECOM

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