Libération: “As motivações para destituí-la (Dilma) não tinham nada de nobre”

Libération: “As motivações para destituí-la (Dilma) não tinham nada de nobre”

Jornal francês diz que “políticos corrompidos” trabalharam para afastar a presidentaA revolta popular dos brasileiros foi instrumentalizada “por políticos corrompidos para depor a presidente Dilma Rousseff”, afirma o jornal francês Libération. “Sabemos agora que as motivações para destituí-la não tinham nada de nobre”. A reportagem do diário francês, reproduzida pela Folha de S. Paulo, confirma a perplexidade internacional diante da articulação que culminou no afastamento de Dilma no começo de maio, perplexidade esta amplificada pela recente revelação das conversas gravadas entre o delator da Lava Jato Sérgio Machado e o homem forte da junta provisória de Temer, Romero Jucá.

“A conversa entre Jucá e Sérgio Machado, ex-diretor da Transpetro, traz para dentro do escândalo o PSDB, partido de oposição, de centro-direita. Mas o que é pior, segundo o “Libération”, é que o Supremo Tribunal Federal, de acordo com a conversa registrada, pensava que destituir a chefe de Estado reduziria a pressão popular sobre a Lava Jato”.

Leia a matéria da Folha de S. Paulo sobre a reportagem do Libération:

Impeachment de Dilma ganhou ares de golpe, diz francês ‘Libération’

Em um país em recessão, a revolta popular foi instrumentalizada por políticos corrompidos para depor a presidente Dilma Rousseff, escreve a correspondente do jornal francês “Libération” Chantal Reyes. “Sabemos agora que as motivações para destituí-la não tinham nada de nobres”, diz, antes de resumir as conversas reveladas pela Folha nas quais Romero Jucá (PMDB-RR) defende uma “mudança de governo para parar tudo”, ou seja, frear as investigações do gigantesco escândalo de desvio de recursos da Petrobras.

A conversa entre Jucá e Sérgio Machado, ex-diretor da Petrobras, traz para dentro do escândalo o PSDB, partido de oposição, de centro-direita. Mas o que é pior, segundo o “Libération”, é que o Supremo Tribunal Federal, de acordo com a conversa registrada, pensava que destituir a chefe de Estado reduziria a pressão popular sobre a Lava Jato.

Para a publicação, “a legitimidade do governo interino está mais comprometida do que nunca” e a única “caução” deste governo é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, respeitado pelos mercados.

Mas o PT também não está a salvo, lembra o texto, ao relatar as pressões do partido para que Dilma freasse a investigação que ela faz questão de ressaltar jamais ter interferido.

“Libération” elabora uma lista de perguntas que ainda precisam ser esclarecidas depois dessas “revelações explosivas”: Há quanto tempo o procurador-geral da República tinha essas gravações nas mãos? Por que as conversas, gravadas em março, ou seja, antes do voto no Congresso que determinou a abertura do processo de impeachment, não foram divulgadas antes?

O que esse “presente da Folha para a esquerda” deixa evidente é a deterioração de toda a classe política, diz o texto. Em tom crítico, “Libération” comenta a pouca disposição do PT, que durante 13 anos no poder não fez a reforma do sistema eleitoral que é um “convite à corrupção”.

 

“Dificilmente a presidente vai recuperar seu cargo, mas também é pouco provável que haverá eleições gerais antecipadas no país” finaliza o texto.

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