Soberania

Lei da Reciprocidade entra em vigor e autoriza Brasil a reagir contra barreiras comerciais

Sancionada pelo presidente Lula, nova legislação permite adoção de medidas retaliatórias contra países que impuserem restrições unilaterais aos produtos brasileiros

Germano Luders

Lei da Reciprocidade entra em vigor e autoriza Brasil a reagir contra barreiras comerciais

Objetivo da nova norma é proteger a competitividade internacional do Brasil e garantir respeito às escolhas legítimas e soberanas do país

Aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada sem vetos pelo presidente Lula na última sexta-feira (11/4), a Lei da Reciprocidade Comercial entrou em vigor nesta segunda-feira (14/4), com a publicação no Diário Oficial da União (DOU).

A legislação autoriza o governo brasileiro a adotar contramedidas contra países ou blocos econômicos que imponham barreiras unilaterais aos produtos brasileiros no mercado global.

De acordo com o Palácio do Planalto, o objetivo da nova norma é proteger a competitividade internacional do Brasil e garantir respeito às escolhas legítimas e soberanas do país em sua política comercial.

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A promulgação da lei ocorre em um contexto de crescente tensão nas relações comerciais internacionais, especialmente após a recente escalada da guerra comercial liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Nos últimos dias, os EUA impuseram tarifas de 10% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o país, com exceção do aço e do alumínio, que tiveram sobretaxas de 25%.

A medida norte-americana afetou diretamente as empresas brasileiras desses setores, que ocupam o terceiro lugar no ranking de exportadores desses metais para os EUA.

Durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras, Lula criticou as tarifas arbitrárias impostas por Washington e defendeu uma resposta firme do Brasil.

O presidente afirmou que buscará inicialmente a reversão das tarifas por meio de negociações diplomáticas e possíveis ações na Organização Mundial do Comércio (OMC), antes de aplicar retaliações.

Critérios para medidas de reciprocidade

A nova legislação define parâmetros objetivos para que o governo brasileiro reaja a medidas comerciais consideradas prejudiciais.

Conforme estabelece o texto da lei, a retaliação poderá ser aplicada em resposta a ações que impactem negativamente a competitividade internacional do Brasil ou interfiram em suas decisões legítimas de política econômica e comercial.

O Artigo 3º da Lei da Reciprocidade autoriza o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculado ao Poder Executivo, a aplicar contramedidas, como restrições à importação de bens e serviços.

No entanto, antes de qualquer ação efetiva, a norma prevê tentativas de negociação com os países ou blocos envolvidos, demonstrando que o Brasil buscará o diálogo antes de medidas mais duras.

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