Inflação acima de 10%, gasolina a R$ 7 o litro, gás de cozinha a R$ 100 o botijão, desemprego em alta, renda em baixa. Em menos de três anos de governo, Bolsonaro já imprimiu as marcas do pior legado possível para um presidente: um país péssimo para os mais pobres e ótimo para os mais ricos.
Um dos resultados mais cruéis foi divulgado em matéria da CNN Brasil neste fim de semana. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o uso de lenha para cozinhar ultrapassou o de gás de botijão. O dado chocou os senadores do PT, que comentaram o assunto nas redes sociais.
“O ministro da Economia [Paulo Guedes] responsabiliza os alimentos e a energia pela inflação elevada. É a incompetência do governo federal que nos leva à alta do custo de vida. O Brasil teve a 3ª maior inflação nos últimos 12 meses. E a responsabilidade tem nome: Guedes e Bolsonaro!”, exclamou o líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN).
Para ele, com o alto preço do botijão, o resultado não poderia ser outro. “Esse é um governo que pisa em cima do povo pobre do Brasil. Quantos anos mais vamos retroceder?”, afirmou.
De acordo com Rodrigo Leão, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ouvido pela CNN, “o avanço da lenha no Brasil representa um retrocesso em 200 anos”. Segundo a EPE, a eletricidade ainda é a principal fonte de energia nas residências brasileiras, mas a lenha ocupa a segunda colocação, com 26,1% de participação, seguida do gás de cozinha, com 24,4%.
“O povo brasileiro já usa mais lenha que gás de cozinha. No governo Bolsando aumentou o consumo de restos de madeira em residências. Desde o início de 2020, a alta acumulada do gás de cozinha é de 81,5%”, lamentou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) lembrou que o fim da ajuda do governo ao povo mais pobre durante a pandemia contribuiu para a crise atual. “A carestia voltou! O governo é insensível e permite que milhões de brasileiros convivam com a miséria, enquanto o pagamento do auxílio emergencial é encerrado”, disse.
O auxílio de R$ 600 foi aprovado em abril de 2020 após intensa negociação no Congresso Nacional, uma vez que Bolsonaro e Guedes queriam limitar o valor a R$ 200. Encerrado em dezembro de 2020, só voltou a ser pago em abril de 2021, para menos pessoas e cortado à metade. A última parcela está prevista para outubro.
Carestia da fé
Humberto Costa comentou ainda que a inflação descontrolada do governo Bolsonaro encareceu até as velas usadas por religiosos. Segundo matéria da Folha de S.Paulo, a alta das velas reflete a alta dos combustíveis e a queda de produção de parafina pela Petrobras. O valor das velas de sete dias, como são conhecidas, dobrou no último ano. E quem opta por comprar as importadas, também sofre com a disparada do dólar.
“No Brasil de Bolsonaro, até a fé custa mais caro”, resumiu Humberto Costa.
Enquanto isso, do lado de cima da pirâmide, o dólar alto continua deixando os mais ricos ainda mais ricos. Exemplo disso é o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, que vê seu patrimônio de quase U$ 10 milhões no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas crescer a cada valorização da moeda norte-americana no Brasil.
Da mesma forma, a disparada da gasolina só beneficia uma minoria de acionistas internacionais, já que a cotação da companhia valoriza a cada variação do dólar, único fator levado em conta para reajustar os combustíveis pela atual direção da Petrobras.
Para o senador Jean Paul, é urgente a mudança na política de preços da empresa. “A gestão da Petrobras precisa mudar urgentemente a política de preços. Com o PPI, pagamos pelos derivados como se fossem importados, mesmo produzindo quase tudo aqui. Essa política ultraliberal entreguista está sendo danosa ao povo brasileiro”, afirmou.