O presidente Lula defendeu, nesta terça-feira (25/7), o fechamento da maioria dos clubes de tiro no país e a manutenção apenas dos que são utilizados pelas Forças Armadas e pelas polícias militar e civil. Durante a live Conversa com o Presidente, Lula afirmou que as ações de Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça Sergio Moro para expandir esses clubes e liberar o acesso a armas de fogo tinha o objetivo de “agradar ao crime organizado”.
“Nós temos que ter claro o seguinte: por que que um cidadão quer uma pistola 9 mm? Por que ele quer? O que ele vai fazer com essa arma? Vai fazer coleção? Vai brincar de dar tiro? Porque, no fundo, no fundo, esse decreto de liberação de armas que o presidente anterior fez era para agradar ao crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro”, disse Lula, em conversa com o jornalista Marcos Uchôa.
Segundo o presidente, os trabalhadores estão mais preocupados em ter condições de comprar alimentos, material escolar para os filhos e brinquedos para as crianças. “Então, como é que as pessoas que trabalham vão comprar fuzil, vão comprar rifle, vão comprar dez pistolas, doze pistolas, quinze pistolas?”, questionou o presidente. “As pessoas não querem violência”.
Os clubes de tiro se espalharam pelo país e, hoje, funcionam como comitês do bolsonarismo e da violência, sobretudo política. Nos últimos quatro anos, o governo passado autorizou a abertura de uma unidade do tipo por dia. Dados do Exército obtidos pelo portal g1 via Lei de Acesso à Informação apontam para 1.483 registros concedidos de 2019 a 2022.
Durante a live, Lula afirmou que não vê como empresário quem mantém um clube de tiro, em razão dos prejuízos causados pelo armamentismo à segurança dos brasileiros, o que inclui, além da violência, o desvio de armas para milícias e outras organizações criminosas.
“Eu já disse para o Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos, só deixar abertos aqueles que são da Polícia Militar e do Exército, ou da Polícia Civil. É a organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro, não é a sociedade brasileira. Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe, nós não”, disse o presidente, em referência aos atos golpistas de 8 de janeiro, perpetrados por bolsonaristas inspirados pelo ex-presidente da extrema direita.
Segundo Lula, a prioridade do seu governo é fortalecer a democracia, com a ampliação da participação popular na política, na educação, na cultura e em outros segmentos. “Então, para quê arma?”, questionou o presidente. “Eu sou totalmente contra. Eu quero que você saiba que o Brasil vai melhorar no dia que a gente entrar na era do livro, na era da cultura, que é o que nós estamos fazendo, agora, com a Lei Paulo Gustavo e com a Lei Aldir Blanc”, pontuou, em referência a duas normas de incentivo à cultura.