Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, os que nos acompanham em todo o Brasil, de forma especial no Nordeste no Estado do Piauí, principalmente através da Rádio Senado e TV Senado:
Há quase 30 anos, ainda na década de 80, tomei uma decisão que definiria o rumo da minha vida, fazer um concurso para trabalhar na Caixa Econômica Federal. Prestei o concurso, passei neste concurso e lá vivi grandes momentos da minha vida, onde ainda hoje sou funcionário – agora afastado, inclusive continuo contribuindo com a Previdência para não perder esses vínculos.
Neste período tive a oportunidade de aprender – uma bela escola a Caixa Econômica – na área profissional bancário, cheguei a ser caixa executivo, gerente, enfim. E tive o privilégio de presidir a Associação do Pessoal da Caixa Econômica do meu Estado, onde também com outras lideranças muito aprendi. Aliás, para lembrar, aqui a nossa bancada do Piauí tem mais dois Deputados Federais, Deputado Assis Carvalho, do Partido dos Trabalhadores, e Deputado Jesus Rodrigues que também são oriundos da Caixa Econômica Federal, de uma trajetória semelhante. Ali, também ainda nos anos 80 tive o privilégio de presidir o conselho deliberativo da Federação da Caixa (Fenai), daí fui para o movimento sindical, enfim, Vereador de Teresina, Deputado Estadual, Deputado Federal (duas vezes) e sempre digo: no primeiro turno Governador do Piauí e agora tenho essa responsabilidade de representar o meu Estado….
E agora tenho essa responsabilidade de representar o meu Estado – aqui junto com o Senador João Vicente e com o Senador Ciro Nogueira –, o Estado do Piauí, nesta Casa. Lá, portanto, iniciei minha caminhada política até chegar aqui ao Senado.
Por que eu cito essa lembrança? Para manifestar aqui a minha gratidão a todos que fazem a Caixa Econômica, através do Presidente Jorge Hereda, a Fernanda, que por lá passou, e tantos outros dirigentes, uma instituição financeira de grande relevância para o desenvolvimento do Brasil e também do meu Estado, o Piauí. Ali travamos importantes discussões sobre o papel da empresa. Não poderia, com todo o conhecimento, com toda a importância que tem, concentrar os maiores ativos na área de poupança do Brasil, coordenar o FGTS, e a gente ver uma empresa que… Até o início deste século, ali ainda em 2000, 2001, 2002, nós tínhamos uma política de habitação invertida, em que, muitas vezes, o que a gente mais presenciava eram os leilões para tomada de habitação. Aquilo colocava uma imagem ruim para os que ali trabalhavam.
É com orgulho que, 10 anos depois, comento nesta tribuna o balanço financeiro e social da Caixa no ano de 2012. No meio de uma conjuntura econômica de turbulência no mundo, de grandes desafios no Brasil, a Caixa obteve o lucro recorde no ano passado. Foram mais de R$6 bilhões de lucro, ou seja, 17% a mais que em 2011, e veja, Sr. Presidente, em um momento em que, como banco público, foi um dos bancos que mais contribuiu para a redução dos juros no Brasil. Quando se falava em redução de juros, nós tínhamos, Sr. Presidente, grandes desafios, e travamos aqui… V. Exa participou. Estive à linha de frente, muitas vezes encorajando membros da equipe do nosso Governo, porque diziam: “olha, não é possível”. Por quê? Porque havia uma regra na poupança segundo a qual ela não pode ser mexida. E, por conta disso, não se pode mexer na Selic, porque senão, daqui a pouco, todo esse saldo de poupança vai se transformar em aplicações, em papel de governo. Esse era o receio que se tinha. Fizemos aqui de uma forma democrática. A Presidenta Dilma disse: “olha, o que está nas cadernetas de poupança até a data deste ato permanecerá com as mesmas regras. A partir de agora, é uma outra regra”.
E vejam o que aconteceu: aumentou o saldo de poupança. Por quê? Porque há também a importante credibilidade nesse agente financeiro que orgulha o Brasil, que é a Caixa Econômica Federal. Então, é uma verdadeira volta por cima, praticando juros baixíssimos.
Eu me lembro o que era juro de crédito pessoal, de consignação, juros aplicados. Na própria habitação, muitas vezes, o cidadão tomava emprestado dinheiro para comprar uma casa, Sr. Presidente, tirava ali R$10 mil para comprar uma casa simples e ele tinha que pagar três vezes, quatro vezes mais o valor daquela casa, tão grandes eram os perversos encargos cobrados de cidadãos simples. Então, é uma verdadeira volta por cima.
Se fizermos uma comparação com o ano de 2002, o lucro da Caixa, mesmo num período de juros muito elevados, foi de pouco mais de R$1 bilhão. Sendo que, em 2001, o governo teve de socorrer a instituição com 9,3 bilhões. No ano anterior, o povo brasileiro teve que socorrer a empresa botando R$9,1 bilhões para fechar as suas contas e, mesmo assim, ela teve um prejuízo, naquele ano, de R$5 bilhões. Digo isso para mostrar que isso não é obra do acaso. O resultado que colhemos em 2012 é competência, Sr. Presidente, é dedicação, é aposta, são pessoas que ali vestem a camisa, como funcionários, como gerentes, como diretores, como, enfim, pessoas que fazem a empresa, e é claro com o apoio que recebem do povo brasileiro.
Esse lucro tão relevante para a economia brasileira é um lucro em que 100% são da União, são do povo brasileiro de volta. Agora, é a empresa que lá atrás teve de tirar dinheiro do povo, para socorrê-la, que agora coloca para o Tesouro Nacional. É resultado de uma aposta realizada no povo brasileiro.
A política de juros baixos, o aumento no volume de dinheiro para empréstimos, a estratégia para manter a baixa inadimplência levaram a Caixa a esses resultados tão positivos. A carteira de crédito cresceu 42% com investimentos, veja só, de 353 bilhões em relação ao ano anterior, com uma inadimplência – para não dizer: “Ah, mais foi feito de forma irresponsável.”–, que é considerada baixa para o padrão bancário mundial, de 2,08%. Essa é a média da inadimplência.
Notem bem, o percentual de recursos disponibilizados para crédito cresceu em 42% enquanto os índices de inadimplência permaneceram baixos, semelhantes aos de 2011, em 2,08%. Só na economia brasileira, a Caixa Econômica injetou, investiu R$530 bilhões por meio da contratação de créditos, e são créditos que mudam a vida das pessoas através de programas de governo, como, o mais conhecido deles, o programa Minha Casa, Minha Vida, lançado lá atrás por essa ideia genial do Presidente Lula, de cuidar exatamente de uma solução de habitação para quem não tinha casa; quem tinha salários elevados ou construía diretamente, quem era empresário, construía diretamente a sua casa; quem não tinha, não tinha acesso à rede bancária. E passou ali a colocar esse importante programa.
Lembro-me – eu era governador na época, V. Exª também – das primeiras reuniões, diziam ser impossível a meta de um milhão de moradias. O Brasil praticava, às vezes, num governo inteiro, 60 mil moradias por ano, e de repente ir para um milhão de moradias. Então era um volume considerado importante, acima da capacidade, como muitos diziam naquela época.
Pois bem, só na economia brasileira foram injetados R$530 bilhões, no Minha Casa, Minha Vida, no Brasil Carinhoso, no Garantia de Safra, na remuneração de pessoal, nos encargos destinados ao Governo Federal, Estados e municípios; outros R$4,7 bilhões também através das loterias da Caixa, repassados à sociedade, em forma de projetos sociais, na educação, na saúde, na segurança, no esporte. O saldo da carteira imobiliária também bateu recorde, foram R$205,8 bilhões só no ano passado. Com o programa Minha Casa, Minha Vida, entre 2009 e 2012, foram contratadas mais de dois milhões de novas moradias, já foram entregues mais de um milhão de moradias.
Estive no meu Estado, com o Presidente Jorge Hereda, comemorando esse um milhão de moradias, entregando de uma vez só, de uma vez só mais de quatro mil moradias para as pessoas ali, na Capital, em Teresina, onde mais de 30 mil moradias foram realizadas nesse período, Desse número, um milhão de casas, como disse, já foram entregues aos novos proprietários, beneficiando mais de quatro milhões de pessoas. Eu mesmo posso aqui testemunhar os efeitos dessa década. Apenas no meu Estado, o Piauí, foram 119 mil casas entregues, prontas, em diversos programas, na zona urbana,
Na zona urbana, na zona rural. Antes, só se trabalhava com cidades grandes. Depois, caiu para cidades até 50 mil habitantes. Hoje, cidades com menos de 50 mil habitantes inclusive na habitação rural.
No Piauí, com o Programa Minha Casa, Minha Vida e as demais linhas de créditos para habitação, a Caixa investiu apenas nesse ano de 2012, mais de R$1 bilhão. Mais de R$1 bilhão? Imaginar um investimento como esse no meu Estado, Sr. Presidente, era algo impossível. Era algo impossível! Só em moradia, um aumento de 105% em relação aos investimentos realizados em 2011 que já foram elevados para o padrão normal do meu Estado.
Lá a equipe da Caixa, coordenada pelo superintendente competente, Emanuel Bonfim e toda a equipe, inovou no atendimento. O pessoal do banco percebeu que muita gente ficava de fora do programa Minha Casa, Minha Vida e não se conformou em ficar atrás do balcão porque não sabia, essa parte da população, lidar com a papelada. Esquecia de documentos, perdia prazos e, para solucionar o problema, foram montadas oficinas em parceria com algumas entidades sociais para ensinar o passo a passo para as pessoas ingressarem no programa de Governo.
Confesso que, como funcionário da Caixa, ajudei, Sr Presidente, a convencer o Presidente Lula, a Presidenta Dilma a garantir que a Caixa com o know-how que tinha pudesse, de um lado, trabalhar com habitação nas grandes cidades e é importante isso, mas também cuidasse das médias e pequenas cidades e também na zona rural. Era quase impossível imaginar, há pouco tempo, a Caixa Econômica trabalhando com habitação rural, acreditando inclusive em movimentos sociais, entidades dos próprios mutuários que ali participam dessa construção como, por exemplo, a Federação das Associações Moradores Estado do Piauí.
Eu destaco aqui o resultado desse trabalho, do corpo a corpo feito pelo pessoal da Caixa. Aliás, vou além: ajudei para que criassem a chamada Universidade Caixa que é hoje uma escola de formação de gestores públicos em Municípios que não têm essa possibilidade para acessar os programas do Governo Federal.
Pois bem, o resultado
Anunciar aqui é motivo de muita alegria, senhoras e senhores, porque além de constatar que o sonho da casa própria foi realizado por milhares de piauienses, nós sabemos que a construção dessas moradias movimentou a construção civil, que é quem executa essas obras, o comércio local, gerou a contratação de novos empregados para fazer rede elétrica, para fazer calçamento, os que trabalham na produção de telha, tijolo, os que trabalham como pedreiros, como assentadores de pisos, enfim, e casas de grande qualidade.
Pois bem, isso gerou a contratação de novos empregados, incrementou a economia local, num grande efeito cascata, aliás desenvolvendo a necessidade de mais profissionais em regiões longínquas do nosso País.
O mesmo aconteceu com o Programa de Microcrédito do Governo Federal. Esse programa, para quem não se lembra, consegue créditos de até R$2 mil para o empreendedor investir em seu pequeno negócio.
A Caixa, no Piauí, montou também oficinas para ensinar essas pessoas a contratarem microcrédito. A procura foi tão grande que fez a Caixa bater todas as suas metas. Só de julho a dezembro do ano passado, foram realizadas mais de 120 mil operações em todo o Estado, Sr. Presidente.
Somos o Estado com mais empreendedor no Brasil, e disso eu tenho orgulho. Tenho insistido muito para a população do meu Estado que nós não podemos ter uma formação voltada apenas para ser empregados, para ser servidores públicos. Não. É preciso acreditar em ser empreendedor. E começar de algum ponto, começar como um pequeno empreendedor.
O investimento, portanto, da Caixa Econômica Federal, no Piauí, e em outros programas do Governo Federal, como Bolsa Família, Garantia Safra, Bolsa Formação, como citei, o Brasil Carinhoso, também cresceu em 2012, um crescimento de cerca de 30% em relação a 2011. Mas também investimentos em saneamento, para o comércio, para a indústria, para empreendedores de médio e de grande porte.
Foi acreditando no Piauí e apostando no Brasil que se trabalhou. E veja, essa aposta deu o seguinte resultado, Sr. Presidente. No ano de 2002, e eu cito aqui o meu Estado, o Produto Interno Bruto era R$7 bilhões. No Brasil, o Produto Interno Bruto, o PIB, chegava a US$500 milhões. No Piauí, a R$7 bilhões, em 2012. E com o apoio da Caixa Econômica, de outros bancos, de outras áreas do Governo, e chegando de forma muito presente o setor privado no comércio, na indústria, na agricultura, tudo isso contribuiu para que o nosso Produto Interno Bruto saltasse de R$7 bilhões para R$22 bilhões, mais de três vezes, já em 2010. E veja, agora, em 2012, chegamos a R$27 bilhões. Era de R$7 bilhões, Sr. Presidente
Era R$7 bilhões, Sr. Presidente, no Piauí, o Produto Interno Bruto, foi para R$27 bilhões de reais.
É uma década, portanto, que marca na história do nosso povo, marca na história do Brasil, marca na história do Piauí.
E veja só, junto com a Caixa Econômica, o Banco do Brasil também acaba de apresentar o seu resultado e, também, contribuindo com queda de juros, junto com outros bancos públicos. Esse é o papel das estatais do setor público, tantas vezes criticados.
Os lucros da ordem R$12,2 bilhões, divulgados pelo Banco do Brasil esta semana, mostram que a estratégia do governo em investir na política de juros baixos e incentivos ao crédito está no caminho certo. O Brasil foi na contramão de diversos países e mostrou que a saída não era apostar na crise, mas numa forma de sair dela. O lucro que o Banco do Brasil teve em 2012 foi o maior da história da instituição. Repito: no momento em que se reduziam juros. E o que impulsionou esse lucro? A expansão da carteira de crédito e o rigor na gestão de risco, portanto, também, demonstra competência, assim como no BNDES, assim como na Petrobrás, que deu R$21 bilhões; assim como em outras empresas brasileiras.
A carteira de crédito do Banco do Brasil cresceu 24,9%, quase um quarto…
(Soa a campainha.)
O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) –…em relação ao ano anterior, com investimentos de R$580,7 bilhões, no Brasil e no exterior. Também com grandes investimentos e importantes, especialmente para a agricultura no meu Estado.
Por isso, Senhoras e Senhores, comemoro, aqui, e parabenizo o desempenho financeiro da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil. Faço votos de que esse crescimento se perpetue e que, cada vez mais, o povo brasileiro se beneficie com o sucesso dessas instituições, que são genuinamente do povo brasileiro, que não são apenas instituições financeiras, mas têm um importante papel público, um importante aliado nas realizações de sonhos e na formação de cidadania do nosso povo.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP) – V.Exª me permite um aparte, Senador Wellington Dias.
O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Com o maior prazer, meu querido Senador Eduardo Suplicy.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Ainda há pouco, na viagem de São Paulo para cá, coincidentemente ali, conheci e conversei um pouco com o responsável pelo Banco do Brasil, que justamente anunciou, hoje, em São Paulo, o lucro recorde da ordem de R$12 bilhões e de 600 a 800 milhões.
O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – R$12,2 bilhões.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – R$12 bilhões e maior do que qualquer outro ano na história do Brasil.
e eu perguntei a ele a respeito das razões. Ele me disse que isso decorreu muito da iniciativa, em decorrência da diretriz da Presidenta Dilma, do próprio Banco Central, de diminuir significativamente as taxas de juros e aumentando as oportunidades de crédito, e que este lucro maior, que também coincide com o da Caixa Econômica Federal, decorreu, em grande parte, do maior volume de operações que passaram a ser realizadas a taxas de juros baixos e que, inclusive, teve um efeito sobre as demais instituições de crédito no Brasil, que, de alguma maneira, perderam um pouco, por causa da competitividade maior da iniciativa dos bancos oficiais. Mas, certamente, isso significou um passo muito saudável, e eu cumprimento V. Exª por aqui estar registrando esse fato importante.
O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Eu que agradeço, é o Presidente Dida, como nós chamamos, carinhosamente, a toda a sua equipe, eu quero parabenizar.
Enfim, Sr. Presidente, eu acho que com essas palavras temos grandes desafios, inclusive, Sr. Presidente, de olhar para aqueles contratos de financiamento que foram feitos com encargos elevados lá atrás e que hoje precisam ser negociados. Nós não podemos manter as mesmas regras, muitas vezes matando a galinha dos ovos de ouro, matando o comerciante, o produtor agrícola, enfim, que, lá atrás, tomou um empréstimo com encargos muito elevados e que precisa trocar a sua dívida, como querem os Estados, como querem os Municípios, por essas taxas dessa nova realidade do Brasil.
É isso que comemoro.
Muito obrigado, aqui, pela tolerância, inclusive, e também agradeço ao Senador Suplicy pelo aparte.
Muito obrigado.