Líder do PT disseca golpe: Cunha usou pautas-bomba contra o governo

Líder do PT disseca golpe: Cunha usou pautas-bomba contra o governo

Rocha: eleitor não esquecerá os golpistas nas próximas eleições. Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoO líder da bancada do PT no Senado, Paulo Rocha, subiu à tribuna nesta quinta-feira (16) para registrar que tanto senadoras e senadores quanto pessoas de boa-fé que foram às ruas protestar contra a presidenta Dilma Rousseff, agora, começam a rever sua opinião. O motivo não é outro, senão o monumental desastre do governo golpista de Michel Temer, que se confirma a cada dia que passa.

Quase no mesmo instante em que o senador do PT do Pará discursava, chegava ao Senado a informação de que mais um ministro nomeado pelo golpista, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), acabara de pedir demissão do cargo. Motivo: citado como um dos notórios recebedores de propina decorrentes da corrupção na Petrobras.

Paulo Rocha não poupou o governo interino e sua pretensão de impor medidas econômicas estruturais, mesmo estando em regime provisório. Sem qualquer compromisso com a maior parte da população, uma vez que conquistou o poder sem o referendo do eleitor, o primeiro mês de governo Temer, encerrado no último domingo (12), tem se revelado um desastre para o Brasil.

Neste período em que ficou clara a intenção de integrantes da cúpula do governo golpista de “estancar a sangria”, ou bloquear a operação Lava Jato, Temer passou a figurar como um governo ultrapassado, defensor do retrocesso nas políticas sociais e, por cima, cada vez mais próximo dos grandes focos de corrupção da Petrobras.

Em seu pronunciamento, Paulo Rocha resgatou as raízes do golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff, mostrando que um de seus principais lances ocorreu entre agosto e setembro do ano passado, quando o governo estava sob ataque dos achaques de Eduardo Cunha  (PMDB-RJ) e sua pauta bomba.

Como foi amplamente noticiado, a pauta bomba de Cunha acrescentava mais R$ 294 bilhões de gastos ao orçamento. A pressão daqueles dias não foi casual, pois Dilma estava prestes a enviar a proposta de Lei orçamentária da União. Com Cunha nos calcanhares, a presidenta enviou o orçamento com déficit de R$ 30,4 bilhões.

“Foi um alvoroço”, lembrou o senador. “Jamais um ocupante da Presidência da República havia enviado um orçamento deficitário ao Congresso. Em tempo algum, nenhum presidente havia enfrentado um movimento organizado que visava inviabilizá-lo mediante a criação de gastos acima da capacidade do Estado de pagá-los. Em meio à turbulência, como mostra este registro da Agência Senado do dia 1º de setembro, representantes dos partidos reprovados nas urnas nas quatro últimas eleições presidenciais, acorreram ao presidente do Senado, Renan Calheiros, para que ele devolvesse a proposta orçamentária ao Poder Executivo”, descreveu, mostrando uma reportagem da Agência Senado ilustrada por um a foto com a linha de frente dos golpistas do PSDB e do DEM no gabinete de Renan Calheiros (PMDB-AL).

“O eleitor não os esquecerá quando for votar nas próximas eleições”, asseverou o senador.

“O governo golpista e seus articulares das sombras conseguiram enganar alguns por todo o tempo, como pode ser comprovado ainda hoje nos discursos e intervenções que se escutam nesse plenário e na comissão especial do impeachment”, disse Rocha. “Antes, se indignaram contra o orçamento com déficit de 30,5 bilhões de reais que Dilma enviou ao Congresso; agora, alegam patriotismo e senso de realidade, ao defender a aprovação de um orçamento com déficit de mais de 190 bilhões de reais. Antes, atribuíam a crise econômica única e exclusivamente à presidenta afastada e aos governos do PT, como se todos os países do mundo não estivessem empenhando seus recursos para evitar a crise. Mal informados e mal-intencionados diziam que o mundo ia bem, enquanto o Brasil ia mal. Agora, atribuem nossas dificuldades à crise financeira internacional”.

 

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