Humberto Costa rechaça ideia de corte de R$ 10 bilhões do Bolsa Família

Humberto Costa rechaça ideia de corte de R$ 10 bilhões do Bolsa Família

Humberto: “Não vamos permitir retrocesso, lutaremos para não permitir que milhares de famílias voltem à extrema pobreza onde os encontramos e que retiramos dessa situação”“Descabida, uma proposta absurda que parece piada de extremo mau gosto”. Foi assim que o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), reagiu às informações publicadas na imprensa de que o relator geral do Orçamento para 2016, Ricardo Barros (PP-PR), pretende cortar R$ 10 bilhões do Bolsa Família como forma de fechar as contas, praticamente – e curiosamente – no dia que o programa completou 12 anos e é comemorado por ser a maior ação inclusiva do mundo. 

Em discurso na tribuna do Senado, na tarde desta quarta-feira (21), o líder disse que se o relator permanecer com “essa visão estreita” vai contar com toda oposição da bancada para rejeitar a proposta. “Não é possível aceitar uma análise rasa da peça orçamentária e considerar que os investimentos sociais são passíveis de tesourada sem critério”, afirmou. 

Humberto fez um paralelo ao que existia antes e que mudou a partir de 2003 com a chegada do presidente Lula à presidência: um olhar para os mais necessitados e um combate incansável à pobreza extrema. Antes de 2003, os mais pobres só apareciam em estatísticas, por isso o líder replica o que Lula sempre defendeu, olhar as pessoas acima das cifras orçamentárias, porque milhões de brasileiros estão abrigados em algum programa social. 

“Nós, do PT, quando chegamos à presidência em 2003 com Lula, mostramos qual era a nossa opção e mudamos a face do Brasil. Não vamos permitir retrocesso, lutaremos para não permitir que milhares de famílias voltem à extrema pobreza onde os encontramos e que retiramos dessa situação”. 

Para o líder, sugerir o corte do Bolsa Família é o caminho mais cômodo de quem não quer enfrentar o debate sobre a criação de um imposto sobre grandes fortunas; que se opõe fortemente à criação da CPMF, mesmo que por um curto período; e posiciona-se totalmente contrário ao projeto de repatriação de dinheiro de brasileiros mantidos ilegalmente no exterior.

Humberto citou os textos publicados nos jornais onde o relator Ricardo Barros – anote este nome – disse que o corte que propôs na peça orçamentária corresponde a 35% do Bolsa Família e ainda completou, dizendo que “quem está fica e quem precisar não vai entrar mais”, disse Ricardo Barros. Uma declaração absurda, não é mesmo? 

Por isso o líder pontuou que é em momentos de crise que as parcelas mais frágeis da população necessitam de amparo. E o Bolsa Família, além de representar um custo ínfimo – 0,5% do PIB – é responsável por mudar a fotografia em milhares de municípios pequenos e de médio portes. 

Isso ocorre e foi constatado por estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), já que para cada R$ 1,00 direcionado para o Bolsa Família, há um retorno de R$ 1,78 para o PIB, ou seja, para a formação da riqueza do País. 

“Atacar o programa de forma mesquinha é prejudicar o crescimento econômico brasileiro. É inaceitável mexer num programa que retirou 36 milhões de pessoas da pobreza extrema, e que reconhecidamente reduziu 64% a pobreza no País; um programa em que 97% das crianças e adolescentes frequentam regularmente a escola e 99% das gestantes atendidas tem seu pré-natal”, afirmou. 

Humberto aproveitou a ocasião e mandou um recado para o deputado Ricardo Barros, que não seja um deputado Robin Hood às avessas e tenha a coragem de ser duro com os mais fortes. “Que ele corte R$ 10 bilhões das emendas individuais impositivas. Só com essa medida, tirando do Senado e da Câmara, seria desnecessário mexer no Bolsa Família. Que ele tenha ousadia de encampar a CPMF, o imposto sobre grandes fortunas e a repatriação de recursos”, comentou. 

Para Humberto, o Brasil lutou bravamente para sair da extrema pobreza e a falta de coragem política – num momento como o atual de muita disputa – faz com que surja o interesse localizado de cortar recursos do Bolsa Família, o maior programa de mobilidade que se tem notícia do mundo. 

Marcello Antunes 

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