Líder tucano assina pedido para CPI do Metrô. Mas desiste em seguida

Líder tucano assina pedido para CPI do Metrô. Mas desiste em seguida

Diante da cobrança por coerência e do compromisso de apoiar investigações, tucanos sentiram-se obrigados a assinar CPMI – mas desistiram. Requerimento já conta com 26 assinaturas no Senado, número acima do regimentalmente exigido

Aloysio Nunes (PSDB-SP) assina pedido – mas
desiste

Com o desafio do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT), lançado do plenário, na tarde desta terça-feira (6), a oposição capitulou. Do contrário, iria contradizer-se em público.

 “Assinem o requerimento para a instalação de uma comissão de inquérito para apurar, também, as irregularidades detectadas nos contratos do metrô de São Paulo”, instigou Humberto, dirigindo-se ao líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP) e ao presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), que , até poucos minutos antes, haviam acusado os parlamentares do PT de serem contra a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a Petrobras.

Contrariado pela cobrança pública feita pelo líder do PT, Aécio Neves tentou constranger o líder do PT, dando início ao bate-boca. Antes mesmo de Humberto terminar sua argumentação, o senador mineiro interrompeu com a afirmação de que bastava o PT apresentar o requerimento para a CPI do Metrô que seria devidamente assinado. E assim foi feito.

Em poucos segundos, o documento se materializou na mesa do líder Aloysio Nunes Ferreira que, sem saída, visivelmente irritado e sob a mira das lentes de fotógrafos e cinegrafistas, foi forçado a assinar o pedido, ante o olhar desolado de seu colega de bancada Ruben Figueiró (MS). Mas era apenas jogo de cena do líder do PSDB. Após ter assinado, pediu o documento de volta – e riscou seu nome. Em pé, igualmente contrariados, o paranaense Álvaro Dias e Aécio Neves acompanharam o momento da assinatura.

Continuando seu pronunciamento e assistindo à cena, Humberto Costa manteve o tom, lançando outro tema incômodo aos tucanos: “Não fomos nós que retiramos os nomes para a CPI aqui no Senado”, cutucou, para, em seguida, emendar: “Peça a seus correligionários que assinem”.

O líder petista manteve o tom: “Se vocês quiserem instalar a CPI da Petrobrás, nós já estamos prontos”, cravou Humberto. “Podemos começar amanhã”, disse, confirmando que todos os nomes dos parlamentares do PT já haviam sido encaminhados e mantidos.

A provocação tinha endereço. A bancada do PSDB, depois de encaminhar seus nomes à Presidência do Senado, retirou-os todos. Era o jogo da oposição de desistir da CPI por que tanto lutou, recorrendo até mesmo ao Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar abraçar a ideia de uma CPMI, que inclui também deputados – e aumenta enormemente a possibilidade de a investigação sobre a Petrobras repetir o mesmo fiasco da CPI do Cachoeira, de 2012, que serviu mais como palanque para a oposição ocupar espaços na mídia.

Em aparte, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) endossou as alfinetadas do líder. “Precisamos dos nomes da oposição para instalar a CPI da Petrobras”, afirmou, cobrando coerência à oposição.

Antes de discursar, Humberto conversou com jornalistas que estavam no plenário. Uma repórter quis saber se é possível derrubar, amanhã, na sessão do Congresso Nacional, o pedido de uma CPI mista da Petrobras. O líder petista explicou que, antes, o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) deve responder às questões de ordem colocadas na última sessão, que pediam explicações sobre a existência de uma CPI mista.

“O que estamos dizendo é que o Supremo Tribunal Federal já tem uma decisão sobre a CPI do Senado e toda essa discussão começou aqui. O Senado tem legitimidade para fazer a investigação e vamos fazer um trabalho com serenidade”, afirmou.

Humberto observou que a experiência mostra que CPI mistas não investigam nada no final das contas. “Imagine, num ano de eleição, uma CPI mista. A cada requerimento são mais de trinta parlamentares para encaminhar e fica naquele bate-boca interminável e não se investiga nada. Se é para investigar mesmo, então vamos fazer com serenidade e no Senado”, ponderou.

Giselle Chassot

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