Os líderes do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ) e na Câmara, Carlos Zarattini (SP) querem que o Ministério Público Federal investigue se o ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles, incorreu em improbidade administrativa e em crime de responsabilidade em suas relações como consultor de grandes empresas, entre elas a J&F, de Joesley Batista, corruptor confesso e delator de esquemas envolvendo o atual ocupante do Palácio do Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), entre outros.
Na última segunda-feira (31), os dois parlamentares entraram com uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo que seja investigada a origem dos R$ 267 milhões recebidos por Henrique Meirelles em 2015 e 2016 a título de consultoria—R$ 50 milhões pagos quando ele já ocupava a pasta da Fazenda. Na Câmara, a bancada do PT também tenta aprovar um requerimento de convocação para que o ministro compareça à Casa para prestar esclarecimentos.
A J&F é o epicentro de um megaesquema de propinas delatado pelo próprio dono da empresa, Joesley Batista. Meirelles, que foi integrante e posteriormente presidente do Conselho de Administração da empresa alega que os R$ 267 milhões foram recebidos de diversas pessoas jurídicas—entre elas a J&F—em pagamento por “consultorias, palestras e realização de investimentos”.
Para o PT, é no mínimo estranho que “integrando o coração da administração do grupo J&F” Meirelles não tivesse a possibilidade de “conhecer o modus operandi dos controladores, sua prática, como o poder e a prerrogativa de noticiar tais fatos às autoridades constituídas, o que, no mínimo, caracteriza grave omissão em relação aos deveres para com a Administração Pública”, afirma a representação assinada por Lindbergh e Zarattini. Cabe à PGR, portanto, apurar se o atual ministro teve conhecimento do esquema de corrupção hoje sob investigação do Ministério Público.
Na representação à PGR, os dois líderes pedem que seja esclarecido quais as empresas nacionais e estrangeiras que fizeram pagamentos a Meirelles, quais as justificativas para essas transferências e quais documentos as balizaram, que serviços foram prestados pelo ministro e o motivo dos depósitos terem sido realizados no exterior.