Líderes da América Latina, Caribe e África discutem medidas para superar desigualdade racial.
No discurso para chefes de Estado da América Latina, Caribe e África, reunidos em Salvador para as comemorações do Ano Internacional dos Afrodescendentes, a presidenta Dilma Rousseff citou as marcas deixadas pela escravidão no Brasil. As mais dramáticas, segundo ela, foram a invisibilidade dos pobres e miseráveis, e a visão de que era possível fazer o país crescer sem incluir e distribuir renda. Lembrando a “revolução social” vivida pelo Brasil no governo do ex-presidente Lula, Dilma Rousseff defendeu o crescimento com inclusão social.
“Acredito que, de fato, uma das maiores contribuições do presidente Lula ao processo de transformação do Brasil tenha sido a afirmação de que só era possível um verdadeiro desenvolvimento se nós também nos dispuséssemos a distribuir a renda”, disse a presidenta.
O Palácio Rio Branco, uma construção do século XVI e símbolo da revitalização do centro histórico de Salvador, o Pelourinho, foi o palco do encontro dos chefes de Estado que discutiram medidas para superar a discriminação de que ainda são vítimas os descendentes dos africanos nas Américas.
Dilma Rousseff citou o Censo do IBGE no qual metade da população brasileira se declarou, em 2010, afrodescendente. São 97 milhões de pessoas ou 50,7% da população. E de acordo com estimativas do Banco Mundial, Unicef e Cepal, na América Latina e no Caribe, pelo menos 150 milhões de habitantes são afrodescendentes, o que corresponde a 30% da população destas regiões.
“A despeito dos avanços em prol da igualdade racial, sabemos que a desigualdade persiste. Os afrodescendentes ainda sofrem com o desemprego, a pobreza extrema e a violência. Reverter este quadro é o objetivo maior da Declaração de Salvador que hoje aprovamos”, afirmou a presidenta.
No documento, os líderes reafirmaram o compromisso com a eliminação completa e incondicional do racismo e de todas as formas de discriminação e intolerância, o que a presidenta Dilma reiterou no seu discurso, condenando a xenofobia.
“Essa diversidade cultural e facial nos une, nos define e enriquece. É uma das nossas grandes contribuições para o mundo de hoje, no momento em que vemos surgir a xenofobia e o preconceito. Somos muito mais de 150 milhões de homens e mulheres e o Brasil se orgulha de ser o país com a segunda maior população negra do mundo depois da Nigéria.”
A Declaração de Salvador também enfatiza que a magnitude das contribuições dos afrodescendentes para a formação social, cultural, religiosa, política e econômica dos países da América Latina e Caribe deve ser valorizada e reconhecida. Além disso, o documento ressalta a importância de preservar e disseminar o rico legado da África e dos afrodescendentes para a construção e desenvolvimento dos países da região.
Blog do Planalto
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
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